M�dia de gasto das escolas do Grupo Especial caiu de R$ 6 milh�es para R$ 4,5 milh�es

Em um Carnaval de cortes na subven��o da prefeitura e dificuldades nos patroc�nios por causa da crise, o Grupo Especial come�a hoje os desfiles que ter�o a marca da supera��o

Por GUSTAVO RIBEIRO

Os estilistas Leozinho e Pedr�o produzem figurinos de mestre-sala e porta-bandeira: bambas da Sapuca�
Os estilistas Leozinho e Pedr�o produzem figurinos de mestre-sala e porta-bandeira: bambas da Sapuca� - Daniel Castelo Branco

Rio - Em um Carnaval de cortes na subvenção da prefeitura e dificuldades nos patrocínios por causa da crise, o Grupo Especial começa hoje os desfiles que terão a marca da superação. Segundo estimativas de quem circula pelas escolas de samba, os gastos na produção dos espetáculos caíram cerca de 25% em relação ao ano anterior, o que representa queda de pelo menos R$ 20 milhões no total. Com isso, o investimento médio por agremiação caiu de R$ 6 milhões, em 2017, para 4,5 milhões.

Uma das campeãs de 2017, a Portela informa que seu Carnaval deste ano custou cerca de R$ 8,5 milhões, uma queda de R$ 1 milhão em relação ao desfile passado. O carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, informou apenas que este ano a escola gastaria cerca de R$ 4,5 milhões, dentro da média estimada das escolas. Demais estimativas de gastos não são oficiais, já que a grande maioria das concorrentes não informa esses valores. É o caso da Beija-Flor, que reduziu seu investimento em R$ 1,5 milhão, segundo pessoas ligadas à Azul e Branca.

"As agremiações tiveram de apertar o cinto. Então, os carnavalescos têm de saber lidar com a crise e colocar o Carnaval na rua. Acho que Mangueira e São Clemente vão dar uma aula disso", apontou Fábio Fabato, pesquisador e autor de livros sobre as escolas, citando que a esta última teve o mesmo orçamento da Verde e Rosa, R$ 4,5 milhões.

Para a qualidade não cair, dirigentes e carnavalescos enxugaram custos e recorreram à reciclagem. O quarto carro alegórico da São Clemente foi construído com restos de outras alegorias. "Como é um ano de crise, a gente teve que pensar em muitas soluções criativas. Então eu construí as outras alegorias e o lixo da madeira que sobrou compôs o carro 4", contou o carnavalesco Jorge Silveira em janeiro.

"Cortamos onde achávamos que poderíamos cortar, onde havia excessos, como gastos desnecessários na quadra, e procuramos fornecedores mais baratos. Tudo para se enquadrar na receita menor que a gente teria", explicou o diretor de Carnaval da Portela, Paulo Falcão.

Na contramão da tendência geral, quatro escolas entre as 13 aumentaram investimentos. Uma delas é a Vila Isabel. Outra é o Império Serrano, que investiu R$ 2,5 milhões para este desfile, contra R$ 1,2 milhão no passado. O aumento se deve à volta da agremiação ao Grupo Especial em 2018.

ESTILISTAS TIVERAM DE APRENDER A LIDAR COM CORTE DE GASTOS

Leo conta que passaram usar cristais de terceira linha para economizar - Daniel Castelo Branco / Ag�ncia O Dia

Cortar tecido � especialidade de Leonardo Leonel, o Leo, 33 anos, e Leandro dos Santos, o Pedr�o, 34, os bambas da alta costura da Marqu�s de Sapuca�. Mas, neste ano, a dupla precisou aprender a lidar com outro tipo de corte: o de grana. � que, com a subven��o da prefeitura reduzida em 50%, as escolas 'choraram' mais. Respons�veis pelas roupas dos mestre-salas e porta-bandeiras de sete das 13 escolas do Grupo Especial, al�m de casais da S�rie A, musas e rainhas, os estilistas repintaram 80% das penas usadas nos anos anteriores e misturaram pedrarias luxuosas com imita��es.

Segundo Leo, as escolas diminu�ram de 30% a 40% seus investimentos nos figurinos em compara��o a 2017. O Ateli� Aquarela Carioca, em Vila Isabel, do qual os dois s�o s�cios, produz os casais do Salgueiro, Mangueira, Mocidade, S�o Clemente, Para�so do Tuiuti, Vila Isabel e Uni�o da Ilha. Para algumas delas, a empresa tamb�m desenvolve as fantasias de segundo e terceiro casais.

"Tudo foi reduzido, do material � m�o-de-obra. No Grupo Especial, as escolas gastaram de R$ 20 mil a R$ 30 mil em penas no ano passado. Esse ano s� mandaram tingir as antigas. Mudou de azul para preto, de rosa para vermelho. Estamos fazendo muita reciclagem. Penas que eram de rainha viraram de porta-bandeira, depois de rainha", revelou Leo.

Desde a funda��o do ateli�, h� 15 anos, Leo e Pedr�o preferiam trabalhar com cristais Swarovski, de primeira linha. Em 2018, apelaram para os de terceira linha. "Eu s� usava Swarovski, que � austr�aco, top, o mais caro. No ano passado comecei a usar segunda linha, a Preciosa Lian. Neste ano j� tive que pular para terceira linha, de cristal chin�s, japon�s, imita��o e outras coisas que a gente teve que criar para dar efeito nas roupas e n�o gastar tanto", explicou Leo. De acordo com ele, o total de um casal de mestre-sala e porta-bandeira, somando material e m�o de obra, chegava a R$ 100 mil at� o ano passado.

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Os estilistas Leozinho e Pedr�o produzem figurinos de mestre-sala e porta-bandeira: bambas da Sapuca� Daniel Castelo Branco
Leo conta que passaram usar cristais de terceira linha para economizar Daniel Castelo Branco / Ag�ncia O Dia
Fabio Pav�o conta que Portela deve gastar R$ 8,5 milh�es no desfile Alexandre Brum / Agencia O Dia
No barrac�o da Azul e Branca de Oswaldo Cruz: queda de R$ 1 milh�o nos recursos em rela��o a 2017 Alexandre Brum / Agencia O Dia

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