Caprichosos de Pilares � proibida de desfilar em 2018 e pode ser rebaixada

Presidente da agremia��o explicou ao DIA que a ata da �ltima elei��o n�o p�de ser registrada devido � burocracia decorrente de uma a��o judicial em curso

Por GUSTAVO RIBEIRO

Caprichosos de Pilares
Caprichosos de Pilares - Ernesto Carri�o / Ag�ncia O Dia

Rio - A Liga das Escolas de Samba do Brasil (Liesb) confirmou que a Caprichosos de Pilares será impedida de desfilar em 2018 se não regularizar sua documentação até uma semana antes do Carnaval, que começa em 15 dias. O presidente da agremiação, Carlos Leandro, explicou ao DIA que a ata da última eleição não pôde ser registrada devido à burocracia decorrente de uma ação judicial em curso. Segundo a Liesb, o regulamento prevê o rebaixamento da Caprichosos, que está no Grupo C e cairá para o D se não desfilar.

A escola estrelou no Grupo Especial por 16 anos seguidos, de 1990 a 2006, e iria se apresentar na Estrada Intendente Magalhães na segunda-feira de Carnaval. De acordo com Carlos Leandro, seria a primeira vez em seus 68 anos de história que a Caprichosos ficaria fora do Carnaval. Ele ressaltou que aguarda uma definição final da Justiça e tem esperança de conseguir reverter a situação. O imbróglio também impediu a agremiação de receber a subvenção da prefeitura.

“Fiquei sabendo dessa informação (a proibição) ontem (quinta-feira) por rede social. Assim como todos na escola, fui pego de surpresa, porque até então a Caprichosos tem um processo em curso, mas a gente estava correndo atrás das coisas e, com muita dificuldade, tentando viabilizar o desfile com a ajuda de escolas coirmãs. Liguei de imediato para a diretoria da Liesb e realmente foi informado que, por não termos a documentação necessária, por causa desse processo que está em curso, a Caprichosos ficaria impedida de desfilar”, afirmou Carlos Leandro, eleito em março de 2017.

Segundo o presidente, ele moveu o processo em 2013 solicitando anulação de 64 títulos de sócios patrimoniais que teriam sido emitidos ilegalmente pelo então conselho deliberativo. Os sócios patrimoniais elegem um presidente a cada triênio. Já houve decisão em segunda instância, mas a ação ainda depende de julgamento de recurso.

“Como existe esse processo discutindo a validade dos títulos desde 2013, eu fui eleito, mas o RCPJ (Registro Civil das Pessoas Jurídicas) está esperando o desfecho do processo para que a ata da eleição seja registrada. Mas desde 2014 (quando Gilberto Nilo assumiu a presidência da Caprichosos) não havia ata registrada”, disse Leandro.

De acordo com Carlos Leandro, a 19ª Câmara Cível do Méier decidiu, em segunda instância, anular os 64 títulos e os atos por eles praticados. Ele afirmou ainda que a eleição do ex-presidente Gilberto Nilo, que comandou a escola entre 2014 e 2017, nunca foi legitimada devido à questão judicial.

“O Nilo ficou até 2017 sem ata registrada, então não poderia tomar decisão administrativa e falar pela escola judicialmente. O que causou esse processo demorar até hoje mais ainda foi que, em 2015, ele entrou com ação falando pela Caprichosos sem ter poderes para tal, causando esse imbróglio todo”, acrescentou Leandro. 

Liesb prevê rebaixamento

O presidente da Liesb, Gustavo Barros, apontou que a Caprichosos só poderá desfilar se apresentar a documentação até a semana anterior ao Carnaval. Barros também apontou que a punição prevista em regulamento é o rebaixamento da escola para o Grupo D.

“Tem uma briga interna e ela não tem documentação que confirme quem é o presidente da agremiação. Com isso, não tem segurança jurídica. Não tem prazo (para apresentar a documentação). Se ela apresentar até uma semana antes do Carnaval, pode desfilar. Caso contrário, será impedida, porque precisamos prestar contas à prefeitura do valor gasto pela Caprichosos”, comentou Gustavo Barros.

Ao contrário do informado por Carlos Leandro, o presidente da Liesb afirmou que o registro da ata da eleição anterior havia sido apresentado à liga: “Tinha ata sim. Ano passado, o então presidente (da Liesb) assinou o recibo e deu liberação para a junta que coordenava”.

Dívidas ultrapassam R$ 300 mil

Por causa do processo judicial, a agremiação não recebeu a subvenção paga pela Prefeitura do Rio, através da Riotur, às escolas de samba. O presidente da Liesb informou que a quantia está retida na Liga e será devolvida à prefeitura se a escola não desfilar. Segundo Carlos Leandro, a Caprichosos estava produzindo seu Carnaval com recursos próprios e ajuda de escolas do Grupo Especial.

“Nosso Carnaval estava encaminhado. Com muita dificuldade, mas caminhando com as próprias pernas, sem recurso público. Para piorar, até receber ajuda foi difícil, porque a diretoria anterior deixou de pagar várias pessoas, prometeram e não cumpriram várias coisas, desde 2014, quando o Nilo se disse eleito e ficou lá tomando decisões administrativas e representando judicialmente a escola sem poder. Isso nos prejudicou muito. Tem vários processos trabalhistas contra a Caprichosos, tem execuções cíveis. Isso tudo complica porque os fornecedores de material não querem ajudar de forma nenhuma”, acrescentou Carlos Leandro.

Carlos Leandro ressaltou que só em cartas de crédito, a escola deve cerca de R$ 300 mil. Além disso, há dívidas trabalhistas, execuções cíveis e contas bancárias bloqueadas cujos valores exatos são desconhecidos pela própria agremiação.

“Eu consegui ajuda de muitas escolas para o carro alegórico, as esculturas, os adereços, o tripé, como a Beija-Flor. Teríamos um carro alegórico só e um tripé. O Hélcio Paim, que faz parte da Comissão de Carnaval da Unidos da Tijuca, também iria me ajudar agora na reta final para montar o carro e adaptar o tripé. E estávamos correndo atrás para viabilizar as fantasias. O Carnaval estava encaminhado para nos apresentarmos”, concluiu Carlos Leandro.

Com o enredo “Oxum – Caprichosa senhora Deus das Águas Doces, que encanta, traz o amor e a prosperidade… lavando a alma do povo de Pilares”, a Caprichosos previa levar entre 400 e 500 componentes para o desfile na Intendente Magalhães. A escola aguarda o posicionamento oficial da Riotur. Procurada pela reportagem, a Riotur ainda não se pronunciou. Até a publicação desta reportagem, O DIA não conseguiu contato com o ex-presidente Gilberto Nilo.

 

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