Trump completa um ano com impasse no Or�amento

Governo corria risco de paralisa��o por falta de verba se Congresso n�o aprovasse plano de gastos. Mundo n�o comemora anivers�rio

Por O Dia

Trump chegou ao 365� dia de governo com 55,5% de desaprova��o
Trump chegou ao 365� dia de governo com 55,5% de desaprova��o - AFP/Brendan Smialowski

Washington - O primeiro aniversário de Donald Trump na Casa Branca não podia ser mais sem graça. Não bastassem a desaprovação de 55% dos americanos e as incontáveis polêmicas, o republicano perigava amanhecer hoje com um 'shutdown', ou a paralisação dos serviços federais. O governo passou o dia de ontem em esforços para que o Senado aprovasse um orçamento de urgência. Até o fechamento desta edição, o impasse continuava. O presidente cancelou viagem ao seu resort na Flórida e permanecerá em Washington para coordenar as ações caso a paralisação seja inevitável.

A Câmara de Representantes havia aprovado quinta-feira à noite uma extensão de quatro semanas do orçamento, até 16 de fevereiro, por 230 votos contra 197. Mas as perspectivas eram sombrias no Senado, onde a minoria democrata, ansiosa para aproveitar os acordos orçamentários para resolver a questão migratória, tinha a intenção de bloquear qualquer votação.

"Os democratas do Senado querem imigração ilegal e fronteiras fracas", reagiu Trump. Esse seria o primeiro apagão do governo desde outubro de 2013, quando 800.000 funcionários enfrentaram uma paralisação técnica de duas semanas.

 

ISTO � UM ANO DO TOPETUDO NA CASA BRANCA

ECONOMIA E EMPREGO

Pouco depois da elei��o, Donald Trump iniciou em uma f�brica de Indiana sua triunfal turn� da vit�ria. Mas a promessa de salvar milhares de empregos tem gosto amargo para Duane Oreskovic, que acaba de ser demitido. O funcion�rio da linha de montagem de aparelhos de ar condicionado Carrier de Indian�polis acreditava que Trump tinha conseguido evitar que a f�brica se mudasse para o M�xico, gra�as a incentivos fiscais.

"Quando Trump veio e prometeu salvar meu trabalho, acreditei nele. Eu e muitas outras pessoas", disse Oreskovic. "Me enganei. Todos nos enganamos." Desde a posse, houve mais de 500 demiss�es na f�brica, que o magnata escolheu como s�mbolo da vit�ria. Apesar de cerca de 800 vagas na Carrier terem sido salvas gra�as a incentivos fiscais, os funcion�rios esperavam mais.

Trabalhadores de v�rios estados p�s-industriais conhecidos como Rust Belt, ou cintur�o da ferrugem, foram fundamentais para a vit�ria de Trump. H� d�cadas, essa regi�o do centro-oeste sofre com fechamentos de f�bricas e demiss�es. Mas pesquisa da Universidade Ball State de novembro descobriu que 45% dos eleitores de Indiana, estado republicano de onde vem o vice, Mike Pence, desaprova a gest�o de Trump em mat�ria de emprego. Apenas 41% a aprova.

"Foram feitas promessas que talvez n�o tenham sido cumpridas", disse Chad Kinsella, professor de Ci�ncias Pol�ticas em Ball State. "Haver� repercuss�es por isso".

Pol�tica externa

A imagem de Trump no mundo � pior do que a de seus predecessores, Obama e Bush filho, de acordo com pesquisa Gallup publicada na quinta-feira. Apenas 30% dos entrevistados em 134 pa�ses o aprovam. E seus mais duros cr�ticos est�o na Europa, no Canad� ou M�xico, tradicionalmente pr�ximos dos EUA.

Para James Lindsay, do Council on Foreign Relations, alguns dos aliados mais pr�ximos "temem o fim da era em que os Estados Unidos exerciam lideran�a mundial". "Se esse for o caso, as consequ�ncias podem ser terr�veis", escreveu.

"Temos problemas com europeus, mas o resto do mundo n�o est� descontente", relativiza Jim Jeffrey, pesquisador do Instituto Washington. "Trump n�o causou muitos danos", opinou.

As ambi��es nucleares da Coreia do Norte s�o o principal desafio. A estrat�gia tem sido convencer o mundo de pressionar Pyongyang para que dialogue atrav�s de san��es severas. China e R�ssia votaram as �ltimas resolu��es na ONU. Mas com Trump denunciando o l�der norte-coreano Kim Jong-Un, e suas promessas de "fogo e ira" ou a "destrui��o total" da Coreia do Norte fazem temer que a guerra de palavras leve a um conflito nuclear.

Outro protesto mundial: Trump reconheceu no in�cio de dezembro a cidade de Jerusal�m como a capital de Israel. Israel aplaudiu, e os palestinos agora negam a Washington qualquer papel de media��o no processo de paz, que o presidente americano desejava reviver, mas que est� mais moribundo do que nunca.

Washington anunciou, em junho, a retirada do Acordo Clim�tico de Paris, que Trump considera contr�rio aos interesses econ�micos dos EUA, embora, na pr�tica, isso s� ocorra no fim de seu mandato. O presidente franc�s, Emmanuel Macron, quer convenc�-lo a recuar.

IMIGRANTES

Trump completa o primeiro ano � frente do governo com centenas de milhares de cidad�os estrangeiros latinos em sua maioria em um limbo jur�dico como resultado de decis�es pol�micas da Casa Branca.

Na campanha, Trump prometeu adotar linha dura com os imigrantes ilegais. Agora, os que se encontram mergulhados na incerteza incluem os que gozavam, h� at� pouco tempo, de um marco legal. Com canetadas, Trump empurrou para a ilegalidade 690 mil imigrantes .

A Suprema Corte informou ontem que examinar� a terceira vers�o do pol�mico decreto antimigrat�rio de Trump. O texto pro�be a entrada nos EUA de cidad�os de sete pa�ses (I�men, S�ria, L�bia, Som�lia, Ir�, Coreia do Norte e Chade).

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Trump chegou ao 365� dia de governo com 55,5% de desaprova��o AFP/Brendan Smialowski
Aposta em m�veis e objetos em contraste com base neutra, que possam ser trocados e substitu�dos se necess�rio fotos divulga��o

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