Rocinha tem mais um dia de tiroteio

Em quatro meses, 37 pessoas foram assassinadas na favela. Ontem, PM baleado no confronto de quinta foi sepultado

Por WILSON AQUINO

Tiago Chaves da Silva, 10� PM assassinado no ano, foi enterrado com homenagens do Batalh�o de Choque
Tiago Chaves da Silva, 10� PM assassinado no ano, foi enterrado com homenagens do Batalh�o de Choque - Daniel Castelo Branco

Rio - A Polícia Militar deu continuidade, ontem, à operação de vasculhamento na Rocinha para tentar capturar bandidos que travam guerra há quatro meses pelo controle da favela. Soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) trocaram tiros com criminosos na Rua 2, porém não houve registro de mortos ou feridos. À tarde, cães farejadores localizaram uma carga de maconha próximo ao Valão.

Ontem, dois policiais militares foram sepultados. Um deles, o soldado Tiago Chaves da Silva, de 36 anos, do Batalhão de Choque, foi ferido a tiros na barriga durante a operação na Rocinha, na manhã de quinta-feira. Nas redes sociais, amigos chegaram a fazer campanha de doação de sangue para o policial. Mas ele não resistiu e faleceu no fim da noite de quinta. O outro foi o sargento Flávio dos Santos da Cunha, do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais, baleado na cabeça durante patrulhamento na Avenida Brasil, na noite de domingo. Já chega a dez o número de policiais militares mortos no estado só no mês de janeiro.

O soldado do Batalhão de Choque é uma das 37 vítimas da guerra que acontece na Rocinha desde setembro, quando os traficantes Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, iniciaram uma sangrenta disputa pelo domínio da comunidade. Outros 35 mortos, segundo a PM, eram criminosos. Uma turista espanhola que passeava na Rocinha completa a relação das vítimas. Maria Esperanza Ruiz Jimenez, 67 anos, morreu após ser baleada por policiais militares, quando o carro em que ela visitava a favela furou uma blitz da PM.

Por causa da operação policial de ontem, o posto de saúde na favela voltou a suspender o funcionamento. Boa parte da comunidade continua sem energia. A Light informou que enquanto os confrontos persistirem, as equipes técnicas não têm condições de fazer os reparos na rede elétrica. Na segunda-feira, uma comissão de moradores da Rocinha deve ser recebida pelo governador Luiz Fernando Pezão.

No Jacarezinho, prefeito promete projeto de habita��o

O prefeito Marcelo Crivella esteve, ontem, no Jacarezinho e prometeu um programa de habita��o para a comunidade. "Trago uma boa not�cia para os moradores desta regi�o. Tem um terreno gigantesco aqui do lado, da antiga f�brica da GE, que estava contaminado. A prefeitura retomou o terreno, vai fazer a descontamina��o e um grande programa de habita��o. Vamos abrir espa�os para fazer novas creches, vila ol�mpica, centro social, alargar ruas que necessitem. Vamos fazer uma grande obra no Jacarezinho", informou Crivella.

A favela do Jacarezinho, na Zona Norte, a exemplo da Rocinha, na Zona Sul, � alvo de constantes tiroteios entre policiais e traficantes. Segundo moradores, por causa dos conflitos quase di�rios, a comunidade est� �s escuras, j� que as equipes da Light n�o conseguem reparar a rede el�trica danificada pelos tiros. A Cl�nica da Fam�lia, �nico posto de sa�de da comunidade, tamb�m n�o tem funcionado por causa dos tiroteios.

O prefeito percorreu ruas e conversou com moradores para identificar as principais demandas do local, como problemas de saneamento e esgoto. "Essa a��o hoje no Jacarezinho � muito importante", disse.

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Ontem, no Jardim da Saudade, foram sepultados os PMs Thiago Chaves da Silva e Fl�vio dos Santos da Cunha Daniel Castelo Branco / Ag�ncia O Dia
Tiago Chaves da Silva, 10� PM assassinado no ano, foi enterrado com homenagens do Batalh�o de Choque Daniel Castelo Branco

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