Com relação aos artigos 'Exceções no deserto de homens e ideias', assinados pelo jornalista Aristóteles Drummond nas duas últimas quintas-feiras (Opinião, dias 4 e 11), o autor demonstra, claramente, ser um articulista passional, o que não pode ser. Tem que ser fiel aos fatos.

Fui repórter fotográfico na época; por isso, contesto alguma coisa de seu artigo para que não continue nos erros.

Quem duplicou as pistas da Avenida Atlântica foi o governador Carlos Lacerda, que, após as obras, contratou num país europeu uma draga para retirar areia e refazer a Praia do Flamengo, que foi extinta pelo Aterro. O povo apelidou esta draga de Esther. Os acessos à Barra e a remoção das favelas da Lagoa, do Pasmado e do Esqueleto, no Maracanã (o Esqueleto, aliás, é hoje a Uerj) foram também de autoria do Sr. Carlos Lacerda. Para remover o pessoal destas favelas, construiu e os transferiu para Vila Kennedy, Vila Aliança, Cidade de Deus, etc.. Para as casas térreas com sobras para ampliações(não construiu pombais). O Sr. Negrão de Lima abandonou o Catumbi e as famílias que foram desalojadas de suas casas com a promessa de reconstrução; teriam prioridade para retornar ao bairro, mas nada foi cumprido, e o bairro era um entulho só, até vir o Sr. Brizola, que construiu o Sambódromo e matou o bairro do Catumbi. Por isso e outras o Sr. Negrão de Lima era chamado de Negrão de Lama.

Um dos "podres" do Sr. Negrão de Lima foi gritante: Houve na Avenida Brasil um aterro do mar, e a área criada ficou sob a direção de D. Helder Câmara, que negociava a venda de lotes(tudo irregular) e o Sr. Negrão autorizava as construções. Com isso, o Sr. Arthur Kelsons adquiriu uma área para construir a fábrica da Kelson's pela construtora Hazan, desde que o neto da Kelsons dirigisse as obras. Era o arquiteto Rubens Palatinik.

Obra Pronta e a legalização? Foi tudo resolvido num almoço entre D. Helder, Negrão e Kelsons. A fábrica durou pouco, e os Kelsons abandonaram tudo virando a Favela Kelsons de hoje.

Hamilton Guerra

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