Mercado já vê alta de até 3,5% no PIB

Divulgação de resultados melhores do que se imaginava para produção industrial, emprego e balança comercial fez com que consultorias revisassem para cima a expectativa para PIB de 2018

Por Estadão Conteúdo

Em mais uma prévia do PIB, economia brasileira aponta avanço pelo segundo trimestre seguido
Em mais uma prévia do PIB, economia brasileira aponta avanço pelo segundo trimestre seguido - Reprodução Internet

São Paulo - A divulgação de resultados melhores do que se imaginava para produção industrial, emprego e balança comercial fez com que consultorias revisassem para cima a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018. Segundo economistas, o País pode ter um crescimento de até 3,5%.

Os últimos dias foram de indicadores mais robustos do que se antecipava. Em janeiro, a balança comercial teve um superávit de US$ 2,7 bilhões - melhor para o mês em 12 anos -, a venda de veículos novos cresceu 23,14% no mês passado e os dados de produção industrial de 2017 apontam alta de 2,5%.

Na visão dos analistas, após os anos de crise, a recuperação deve seguir a partir de agora de forma gradual, favorecida pelo cenário externo, que também ajuda a reaquecer a economia. "Olhando para a produção industrial, o resultado deve dar um impulso forte para o PIB de 2018 e é um sinal relevante de que a retomada do crescimento é consistente e espalhada", diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. A consultoria revisou de 3,1% para 3,5% a projeção para o PIB de 2018.

O UBS Brasil também elevou as expectativas para o crescimento do PIB deste ano, de 3,1% para 3,3%, considerando o melhor desempenho dos indicadores de atividade econômica e das condições financeiras. Nesse cenário, cresce a expectativa pelo aumento da demanda por crédito. Segundo o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, a carteira de crédito do banco começou a reagir no último trimestre do ano passado. "O quarto trimestre representou o primeiro crescimento nos últimos dois anos."

"Com juro mais baixo e emprego e renda em alta, tudo caminha no sentido de uma maior demanda por crédito", analisa o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman. "O fator incerteza hoje é a eleição. Se o Brasil se encaminhar para um candidato centrista, a economia deve ir melhorando e, com ela, a demanda por crédito."

Outubro incerto

Com a economia dando sinais de recuperação, o maior fator de preocupação dos analistas é a eleição. Mesmo com a redução da chance de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a decisão desfavorável ao petista na Justiça, o mercado teme a fragmentação na disputa eleitoral. "O risco de volatilidade por conta do processo eleitoral pode afetar negativamente o crescimento", avalia o economista-chefe do UBS, Tony Volpon.

"O cenário ainda está muito incerto", diz Alessandra Ribeiro, da Tendências. "A saída provável do ex-presidente Lula do pleito aponta para um cenário de risco reduzido, mas não descarta surpresas lá na frente." Ainda assim, Marco Caruso, economista do Banco Pine, avalia que a conjuntura econômica favorável deve funcionar como blindagem até parte do terceiro trimestre. Assim, diz, há espaço para a produção industrial crescer mais.

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