Rio - Volta Redonda volta a ter nova queda de bra�o entre moradores e donos de postos de combust�veis. Depois de terem reduzido o pre�o da gasolina comum, de R$ 4,84 para R$ 4,74, h� cerca de 20 dias, em virtude de uma campanha de boicote aos estabelecimentos da cidade nas redes sociais, conforme o DIA publicou com exclusividade, os empres�rios aumentaram de novo o valor do produto. Agora o litro passou a custar R$ 4,89 � R$ 0,15 a mais. Em contrapartida, ainda mais indignados, os consumidores criaram at� adesivo para a campanha, na qual um desenho sugere um motorista sendo �assaltado�, com o bico da bomba injetora de combust�vel simulando uma arma de fogo.

�Os donos dos postos est�o brincando conosco. Vamos intensificar ainda mais o boicote aos postos de combust�veis de Volta Redonda, abastecendo somente em cidades vizinhas, como Barra Mansa�, afirmou o administrador de empresas Leoc�cio Benedito Pereira, de 46 anos, ressaltando que o pre�o � praticamente o mesmo na maioria dos 23 maiores postos do munic�pio. �� um cartel descarado. Um abuso. Eu e meus parentes passamos a abastecer em Barra Mansa, a pouco mais de 20 quil�metros. Nenhuma autoridade toma provid�ncias. N�o h� justificativa para que Volta Redonda cobre um dos pre�os mais caros do Pa�s�, justificou o aut�nomo Jos� Roberto da Silva, 39.

O in�dito protesto dos volta-redondenses, come�ou a ganhar as redes sociais, no m�s passado. Os manifestantes continuam apertando o cerco aos empres�rios, exigindo que o pre�o do litro caia para R$ 3,50. Pelo WhatsApp, institu�ram o chamado �Calend�rio Selvagem� (em alus�o ao filme `Relatos Selvagens�, que aborda atos de vingan�a contra abusos), no qual listaram os 23 estabelecimentos de maior porte do ramo na cidade. Identificados por cores, diariamente, de segunda a sexta, quatro postos s�o boicotados pelos motoristas que aderiram ao movimento.

�Voc� tamb�m est� indignado pelo aumento abusivo no pre�o do combust�vel? Mais ainda por morar em Volta Redonda, onde se tem praticado um dos maiores, sen�o o maior valor do combust�vel do Brasil? Bem, para que haja mudan�a, � preciso fazer algo diferente e inteligente. Se for para incomodar que seja para incomodar o cartel e n�o os usu�rios�, diz um trecho de um dos textos que circulam pelo WhatsApp e redes sociais, com imagens do calend�rio e a lista dos postos, com os respectivos dias da semana a serem boicotados. �O calend�rio n�o tem prazo de validade. N�o se omita. Fa�a sua parte. Este movimento � coletivo e de combate � injusti�a praticada em Volta Redonda�, ressalta outro trecho.

Em nota recente enviada ao DIA, o Sindicato do Com�rcio Varejista de Combust�veis, Lubrificantes e Lojas de Conveni�ncia no Estado do Rio de Janeiro (SINDESTADO-RJ) alegou que os postos compram combust�veis das companhias distribuidoras e n�o das refinarias. �Por isso os custos nos postos dependem dos pre�os cobrados pelas distribuidoras, que muitas vezes variam conforme o local�, ressaltou o documento. �Os pr�prios donos de postos est�o sofrendo duramente com a atual situa��o�, garantiu o texto.

Volta Redonda est� entre as dez cidades com a maior frota de ve�culos do Brasil. Segundo �ltimo levantamento da Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana, entre 2001 e 2015, a quantidade de ve�culos cresceu 136%, contra 7,17% da popula��o. No total s�o mais de 91 mil autom�veis e 14 mil motos emplacadas no munic�pio, que tem quase 400 mil moradores. Ou seja, cerca de quatro habitantes por ve�culo, aproximadamente.

Veja a �ntegra da nota do Sindestado sobre o assunto:

SINDICATO PROTESTA CONTRA SISTEMA DE PRE�OS DOS COMBUST�VEIS

A atual pol�tica da Petrobras de efetuar flutua��es quase que di�rias nos valores dos combust�veis tornou extremamente confuso o cen�rio da comercializa��o dos produtos e, a um s� tempo, est� sacrificando os consumidores e caminha para tornar invi�vel a sobreviv�ncia da maioria dos postos. A opini�o � do presidente do Sindicato estadual dos Revendedores (Sindestado-RJ), Ricardo Lisb�a Vianna.

"Os governos est�o resolvendo seus problemas de caixa com uma solu��o grotesca: simplesmente jogando �s alturas os impostos sobre os combust�veis. E a isto se soma a gan�ncia desenfreada das distribuidoras, que est�o aproveitando a dan�a cont�nua de percentuais para reajustar, sempre para cima, os pre�os cobrados ao revendedor. L� na ponta da cadeia de comercializa��o, o dono do posto est� tendo que encomendar novas remessas de produtos sem saber quanto pagar� por elas de um dia para o outro, e ainda por cima tende a ficar mal visto por parte da popula��o, que tende a enxerg�-lo como o grande causador do problema", comenta Ricardo Vianna.

O presidente do sindicato destaca que muitos donos de postos est�o caminhando para a fal�ncia, caso a situa��o n�o seja normalizada. "O dono de posto n�o � o respons�vel pelos combust�veis custarem t�o caro, mas esta � uma realidade que n�o interessa aos governantes nem �s poderosas companhias distribuidoras. Nesse cen�rio, quem sai perdendo � o consumidor final, que tem que pagar caro; e tamb�m o dono do posto, que al�m de ser malvisto acaba vendo despencar os lucros e o movimento de vendas do seu estabelecimento. N�o � � toa que problemas est�o surgindo ao mesmo tempo em todo o pa�s", arremata Ricardo.