Lula tenta novo habeas para n�o ser preso

Defesa alega que o TRF-4 antecipou a possibilidade de execu��o da pena antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal publicar o ac�rd�o do julgamento do habeas corpus

Por O Dia

Lula acenou para manifestantes que fizeram um ato do lado de fora do prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Lula acenou para manifestantes que fizeram um ato do lado de fora do prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC -

São Paulo - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em novo pedido de habeas corpus, agora ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), alega que a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), cometeu "inconstitucional e ilegal constrangimento" ao permitir que o juiz Sérgio Moro determinasse sua prisão. Os advogados de Lula pedem liminarmente suspensão da ordem de prisão expedida nesta quinta-feira por Moro. O magistrado deu prazo até as 17h desta sexta para o petista se entregar à Polícia Federal de Curitiba, base da Operação Lava Jato.

O novo pedido chegou ao STJ nos últimos minutos desta quinta-feira e está sob análise do ministro Félix Fischer, relator da Operação Lava Jato na Corte.

O argumento central da defesa é de que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) não esperou a publicação do acórdão do Supremo Tribunal Federal, "olvidando-se que a compreensão majoritária exposta em tal assentada é permeada de inúmeras omissões, contradições e obscuridades".

O acórdão do STF apontado pela defesa de Lula é aquele relativo ao julgamento do habeas corpus preventivo, por meio do qual o petista pedia o direito de permanecer em liberdade até a última instância. Na madrugada desta quinta, o Supremo, por 6 votos a 5, frustrou a estratégia de Lula e negou o habeas.

Cerca de 17 horas depois da decisão do Supremo, o juiz Moro mandou prender Lula, em despacho dado às 17h50 da quinta-feira. Pouco antes, Moro havia recebido comunicado da 8ª Turma do TRF-4 para que executasse a prisão do ex-presidente, condenado a 12 anos e um mês de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP).

A defesa alega que a ordem de prisão "atropelou" a análise de recursos ainda pendentes. Para os advogados de Lula, a 8ª Turma do TRF-4 agiu "movida pela gana de encarcerar, e sem sequer aguardar a intimação do paciente (Lula) quanto ao julgamento dos aclaratórios supramencionados, ou a publicação do acórdão do HC 152.752/PR - do qual também é cabível em tese o manejo de embargos de declaração".

"Apressou-se, a pedido da Procuradoria Regional Federal da 4ª Região, em oficiar ao Juízo de origem na presente data para determinar a imediata execução da pena imposta ao Paciente."

A defesa pede que "seja concedida medida liminar para o fim de suspender a execução provisória da pena imposta ao paciente, garantindo-lhe o direito de aguardar em liberdade até o julgamento de mérito da presente ação constitucional".

De acordo com o corpo de advogados que representa o ex-presidente, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) antecipou a possibilidade de execução da pena antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar o acórdão do julgamento do habeas corpus.

A votação terminou nesta quinta-feira em 6 a 5, e negou a possibilidade de Lula continuar em liberdade até o fim do julgamento em última instância.

Ainda não se sabe quando o novo pedido de habeas corpus da defesa será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ainda nesta quinta-feira, um advogado de São Paulo pediu um outro HC ao STJ, que será analisado pelo ministro Felix Fischer, da Quinta Turma da Corte.

O ex-presidente foi orientado por aliados a não se entregar à Polícia Federal em Curitiba, como determinou o magistrado, e aguardar em São Bernardo do Campo, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, cercado de apoiadores, o cumprimento da ordem de prisão.

A ideia não é resistir à prisão, mas tentar garantir uma imagem positiva, do ponto de vista político, do momento em que Lula será detido. Segundo um petista, a questão é "semiótica". Lula e PT querem adotar o discurso de que ele é um preso político.

Um segundo grupo, minoritário, defendia a ida do ex-presidente a Curitiba para não passar a impressão de que estaria afrontando a Justiça. Questionado sobre isso pelo jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, antes da decisão de Moro, Lula disse que consultaria seus advogados.

Conforme a decisão do juiz Moro, o ex-presidente tem até as 17h desta sexta para se apresentar em Curitiba à Polícia Federal.

Lula foi condenado a 12 anos e um mês de reclusão na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP). Ele nega ter cometido qualquer irregularidade.

* Com informações do Estadão Conteúdo

Galeria de Fotos

Lula acenou para manifestantes que fizeram um ato do lado de fora do prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC AFP / Miguel Schincariol
Juiz S�rgio Moro expediu mandado de pris�o contra o ex-presidente Lula Arquivo / AFP

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