Em 48 anos de carreira, Isabelita dos Patins virou um símbolo do Carnaval. Tanto que a drag está com a agenda cheia para a folia: "Eu fico muito feliz e envaidecido em me tornar um ícone dessa festa no Rio e no Brasil. Sou muito querido, admirado e respeitado".
A programação é extensa. "O meu Carnaval começa nesta quinta-feira na Cidade de Juiz de Fora (MG), onde tem o grande baile de gala da Banda Daki. Na sexta, desfilo no Bloco do Pintinho. Sábado, às 12h, estou na concentração da Banda Daki, que é patrimônio nacional da cidade, e eu sou a celebridade da banda há muitos anos. No sábado mesmo, saio da banda e embarco às 19h para o Rio de Janeiro, pois tenho o grande baile do Copacabana Palace", enumera Isabelita, que continua: "No domingo, às 16h, vou inaugurar uma pista de patinação no shopping metropolitano, na Barra. Depois do shopping vêm os convites para camarotes tanto no domingo como na segunda. O que está mais acertado é o Viviant. Na terça de Carnaval tem a Banda das Quengas, na Lapa. Depois descansarei", avisa.
Ao Meia Hora, ela ainda adianta o figurino do baile do Copa. "O baile é magnífico e inesquecível. Este ano o tema é a Itália. E como eu sou apaixonado pela Grande Rio, tenho uns modelitos com as cores do país: verde, vermelho e branco. É um modelo simples com algumas tiras, strass e broches. E, claro, as botas dos patins também estão cheias de brilho", destaca.
Isabelita faz uma crítica sobre a crise que o Carnaval enfrenta: "É lamentável. É uma pena não dar valor ao Carnaval, que dá muitos empregos. Até o pessoal da reciclagem fica super feliz nesta época ao levar para casa sacolas e sacolas com latinhas ou garrafas".
Longe dos holofote, Isabelita é na verdade Jorge Omar Iglesias, de 70 anos. Sem maquiagem, peruca e brilhos, ele conta quem é por trás do personagem. "Confesso que pelo menos uma vez por mês tenho que estar de Isabelita, pois para ela tudo é permitido. Já o Jorge tem que pagar as contas", brinca ele: "Estar há 48 anos na estrada é uma grande lição de vida para muitos. Vim da Argentina para o Rio de Janeiro com 22 anos. E foi aqui, na Avenida Atlântica, em Copacabana, em 1971, que Isabelita nasceu. E eu com meu personagem, graças a Deus, pude quitar o meu apartamento. Comunico que tanto Isabelita como seu criador são brasileiros naturalizados", avisa.
Hoje, com o crescente movimento das drag queens e muitas delas fazendo sucesso, Isabelita diz que foi uma das pioneiras para tudo isto acontecer. "Tenho consciência que eu, como a divina e saudosa Rogéria, Jane di Castro, Lola Batalhão, Lorna Washigton, Meime dos brilhos e outras fomos pioneiros e escola para muitos. Seja, eles drag queens, transformistas, travestis ou trnsexuais. Abrimos portas para muitos".