PGE impede mais um bloqueio que a União faria no caixa do Rio

Secretaria do Tesouro Nacional tentou confiscar R$ 217 milhões de conta que paga passivos do Banerj

Por PALOMA SAVEDRA

Pezão também esteve ontem em Brasília para tratar de royalties
Pezão também esteve ontem em Brasília para tratar de royalties -

Rio - A União insiste nas tentativas de bloquear os cofres do Estado do Rio mesmo após o acordo de recuperação fiscal feito com o governo fluminense. Desta vez, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) conseguiu evitar, com mais uma liminar do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira, o confisco de R$ 217 milhões em uma conta do Executivo estadual que garante pagamentos de passivos trabalhistas e benefícios previdenciários a ex-funcionários do Banerj — privatizado em 1997.

O detalhe é que a lei que criou o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), ao qual o Rio aderiu em 2017, suspende por três anos o pagamento de dívidas com o governo federal. Com isso, os bloqueios ficam impedidos.

A 'investida' da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) ocorreu duas semanas depois de Fux vetar, em liminar de 21 de fevereiro, bloqueio de R$ 507,8 milhões do caixa estadual que o órgão faria devido a obrigações de contragarantias de empréstimos da Caixa Econômica Federal.

E, nesta última terça, o magistrado reafirmou seu entendimento e rejeitou o argumento da União de que os recursos que seriam confiscados não estariam abrangidos pelo acordo de recuperação fiscal. Fux acolheu os embargos de declaração da PGE, que alegou o risco do bloqueio para o "equilíbrio da delicada situação financeira do estado".

Em seu pedido, a PGE ressaltou que, para o estado poder aderir ao regime, teve que renunciar a ações no Supremo que discutiam dívidas administradas pelo Tesouro Nacional.

O ministro considerou ainda contraditória a conduta do Tesouro Nacional, pois tanto a lei complementar que criou a recuperação fiscal dos estados quanto um termo de compromisso assinado entre os governos federal e estadual, em janeiro de 2017, impediriam o Tesouro de bloquear recursos do caixa do Estado do Rio.

"Trata-se de conduta que caminha em contramão ao que pactuado pelas partes e ao atendimento dos princípios da eticidade e da cooperação", escreveu o magistrado.

O bloqueio de R$ 217 milhões seria feito esta semana. A STN notificou, no dia 1º, a Secretaria de Fazenda. Assim que foi informada, a Procuradoria entrou com o recurso na Corte.

ATRÁS DO DINHEIRO DO 13º

Enquanto isso, o governador Luiz Fernando Pezão esteve ontem em Brasília, para tentar acelerar a operação de antecipação de royalties para o Rio. A transação ocorrerá no mercado externo, e o dinheiro servirá para quitar o 13º de 2017 de 167.111 vínculos. O valor necessário é de R$ 1,1 bilhão, e a operação deve gerar cerca de R$1,5 bilhão.

Também ontem saiu um decreto de Temer que, segundo Pezão, é "fundamental" para garantir a operação. O texto altera a distribuição dos royalties e das participações governamentais aos estados e municípios.

 

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