Reforma na previdência municipal do Rio chega à Câmara

Projeto de lei complementar foi publicado no Diário Oficial

Por PALOMA SAVEDRA

Plenário da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro
Plenário da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro -

A proposta de reforma na previdência municipal do Rio foi reenviada esta semana para a Câmara dos Vereadores e o texto saiu publicado ontem no Diário Oficial da Casa. Como era esperado, o novo projeto de lei complementar retirou a obrigação de o Legislativo e o Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ) pagarem os 22% de contribuição patronal de seus servidores. Esse pagamento continuará sob responsabilidade do Tesouro.

Também como já vinha sendo informado, a taxação em 11% sobre inativos da prefeitura e a criação de pensão vitalícia para cerca de oito mil aposentados e pensionistas que vão perder o cálculo da integralidade em seus proventos foram mantidas no texto.

Além do projeto que tramita na Câmara, o governo municipal editou, em março, um decreto revogando outro, de 2003, do então prefeito César Maia, o que resultou, na prática, com o fim da integralidade (servidor se aposentar com seu último salário na ativa). O texto de Maia dispensava o município de seguir emenda constitucional que dava fim à integralidade, pelo fato de o Rio ter regime próprio de previdência.

Sem previsão de votação

Até o momento, não há previsão de o projeto ir ao plenário da Câmara. O governo ainda tenta costurar maioria para a aprovação e segue promovendo reuniões com as categorias para debater a situação da previdência municipal.

Contribuição

No projeto, o governo municipal estabelece a cobrança de contribuição previdenciária de 11% de aposentados e pensionistas que ganham acima de R$5.645,80 (teto do INSS). Em sua justificativa, o Executivo afirma que o município deve seguir as regras constitucionais. A Prefeitura do Rio também pretende aumentar a arrecadação do fundo de previdência com a taxação dos inativos.

Mais R$ 89,9 milhões

De acordo com o Previ-Rio, a taxação de aposentados vai gerar mais R$ 33 milhões ao fundo até o fim do ano, e a de pensionistas mais R$ 5,6 milhões. Vale lembrar que o decreto de março também regulamenta o abono-permanência (inicia a cobrança de contribuição previdenciária). Com isso, a receita com a contribuição patronal de quem tem o abono será de R$ 89,9 milhões.

Para sair do buraco

Outras medidas para aumentar a arrecadação da previdência serão implementadas. Conforme a Coluna informou em 25 de março, o Previ-Rio atua com quatro frentes. A primeira é a proposta que está na Câmara. As próximas são um projeto de revisão da Lei 5.300 (de capitalização do fundo); o reequilíbrio patrimonial; e a criação de nova lei que substitua a 5.300.

Sem teto na suplementar

A revisão da Lei 5.300 vai provocar diversas mudanças. A principal é o fim do teto da contribuição suplementar que a prefeitura paga à previdência. O Previ-Rio calcula que, com isso, receberá mais R$ 535 milhões por ano. Haverá ainda a cobrança de dívidas passadas do Tesouro com o fundo, garantindo o pagamento de R$ 2,8 bilhões (quitados em 200 meses).

Royalties por mais tempo

Ainda com a alteração da Lei 5.300, o Previ-Rio pretende ampliar o período para o fundo receber royalties (hoje, o prazo é até o ano de 2.059) para até 2.092. Segundo o presidente da autarquia, Bruno Louro, isso vai resultar na diminuição do déficit atuarial. Além disso, a revisão da legislação vai estabelecer novas receitas previdenciárias com a securitização da dívida ativa da Prefeitura do Rio. O projeto de lei já está pronto.

Para o fundo

As outras duas frentes do plano para tirar a previdência do buraco reequilíbrio patrimonial e criação de nova lei estão em estudo. O reequilíbrio patrimonial, na prática, vai fazer com que valores dos aluguéis e concessões de terrenos (da prefeitura) vão direto para o Funprevi. O Previ-Rio alega que, ao melhorar a arrecadação do fundo, o município não terá que tirar dinheiro do Tesouro para cobrir o rombo na previdência.

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