A Polícia Militar abriu uma sindicância para apurar a conduta dos policiais militares para conter o morador de rua que atacou a faca três pessoas na Lagoa, causando duas mortes. Uma das vítimas fatais foi tentar ajudar o casal que foi inicialmente atacado quando PMs já estavam no local, mas Plácido Correa de Moura continuava livre com uma faca na mão. Três pessoas ficaram feridas por disparos dados pelos militares.
Segundo a corporação, participaram da ação policiais militares do 23ºBPM (Leblon), do BPTur e do 19ºBPM (Copacabana) e, segundo depoimento deles à Corregedoria da Polícia Militar, foram empregados "uso diferenciado da força para imobilizar o agressor". "Houve a utilização do taser (arma de eletrochoque), porém não sendo eficaz para neutralizar a ação do agressor. Sendo então ele atingido por dois disparos de arma de fogo nas pernas", diz em nota.
Guardas municipais que fizeram patrulhamento na região do ataque na manhã desta segunda-feira encontraram duas tesouras, uma faca e uma chave de fenda embaixo do Viaduto Saint Hillaire, onde ocorreu o crime. Pessoas em situação de rua costumam dormir no local.
Apesar da abertura da sindicância, a PM diz que "a rápida chegada dos policiais militares evitou uma tragédia maior, pois o agressor armado com uma faca, e visivelmente transtornado, certamente atacaria outras pessoas". Além do procedimento apuratório, a Polícia Militar realizará o que chama de "um estudo de caso da ocorrência".
Além das duas vítimas mortas, cinco pessoas ficaram feridas durante a ação. A namorada de João Napoli, Caroline Moutinho, 29 anos, que estava no banco do carona, ficou ferida nas mãos e no quadril. Ela realizou procedimento cirúrgico na mão esquerda e está em pós-operação com estado de saúde estável. Uma técnica de enfermagem dos Bombeiros, Girlane Sena, foi baleada na perna e um médico da corporação, Fábio Raia, atingido por estilhaços. Um PM, que não teve a identidade divulgada, também foi baleado, além do morador de rua Plácido Correa de Moura, 44 anos, atingido na perna.
Witzel: 'Teria dado um tiro na cabeça dele'
O governador do Rio, Wilson Witzel, disse na manhã desta segunda-feira que se fosse policial militar teria atirado na cabeça do morador de rua Plácido Correa de Moura. Policiais tentaram conter o homem com armas não letais, que não surtiram efeito, e em seguida ele foi baleado na perna.
"Se eu tivesse no lugar do policial, teria dado um tiro na cabeça dele. Mas, o policial foi melhor do que eu imaginava. Ele atirou para neutralizar e tentar recuperar aquela pessoa. Parabéns à Polícia Militar", disse durante coletiva de imprensa na Secretaria de Estado de Educação, em Santo Cristo, Região Central do Rio.
O governador classificou a ação da polícia na ocorrência como 'muito profissional' e disse que os militares procuraram evitar ao máximo o número de vítimas. "Nós temos que preservar a vida do agressor também. Para isso que a polícia é treinada. Eventualmente, qualquer tipo de equívoco que aconteceu naquela ação, nós vamos corrigir para evitar que outras como essa aconteçam", disse.
O governador classificou a ação da polícia na ocorrência como 'muito profissional' e disse que os militares procuraram evitar ao máximo o número de vítimas. "Nós temos que preservar a vida do agressor também. Para isso que a polícia é treinada. Eventualmente, qualquer tipo de equívoco que aconteceu naquela ação, nós vamos corrigir para evitar que outras como essa aconteçam", disse.
Preso tinha passagem por ataque a faca
O morador de rua Plácido Correa de Moura, 44 anos, já tinha uma passagem pela polícia por outro ataque com faca, ocorrido em janeiro de 2016. Segundo informações, ele atacou seguranças de um prédio da TV Globo, localizado no Jardim Botânico.
Além desta ocorrência, Plácido, que está internado sob custódia no Hospital Miguel Couto, tem outros três registros contra ele, um por agressão e outros dois por desacato e resistência. Em outubro de 2017, o morador de rua atacou a tijoladas um homem que passava pela Praça Marcos Tamoyo, no mesmo trecho onde aconteceu o ataque deste domingo.
Em fevereiro do ano passado, ele foi detido por desacato e resistência após ser abordado por policiais, também no mesmo local. O outro episódio contra agentes de segurança pública ocorreu em outubro de 2018 e foi enviado ao Juizado Especial Criminal, mas o processo está em processo de arquivamento, há que o morador de rua nunca foi encontrado.
O ataque com faca causou a morte do engenheiro João Carvalho Napoli, de 35 anos, que estava em um carro acompanhado da sua namorada, a bióloga Caroline Azevedo Moutinho, 29, também ferida. O educador físico Marcelo Henrique Correa Reais, de 39 anos, que foi ajudar o casal acabou sendo atacado e morto. No momento, já havia PMs de três batalhões no local.