Preservar vidas em situações de tensão através do diálogo e do convencimento. Esta é a missão dos negociadores — grupo especializado que atua para evitar suicídios e finalizar sequestros, como o que aconteceu na última terça-feira, na Ponte Rio-Niterói. No Rio, a única unidade especializada em negociação pertence ao Batalhão de Operações Especiais (Bope). Para se tornar um negociador, o agente passa por um curso específico com duração de 40 a 50 dias.
A formação inclui aulas de Psicologia, estudo de psicopatias, dos principais efeitos de drogas e de alterações de humor. "Ele age quase como um psicólogo, mesmo sem ter essa formação. Recebe instruções para entender os mais diversos tipos de relações humanas", explica o comandante do Bope, tenente coronel Maurílio Nunes.
Tenente-coronel da PM de São Paulo com 11 anos de experiência como negociador, Diogenes Viegas Dalle Lucca, destaca que o primeiro passo do trabalho consiste em conquistar a confiança do sequestrador. "É fundamental estabelecer uma relação com ele e despertar empatia", explica Lucca, ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE).
De acordo com ele, ao começar a negociação, o agente diz ao sequestrador que está ali para fazer um acordo, perguntando o que ele deseja e dizendo que ele "não precisa piorar as coisas". Feito isso, a tentativa é de sensibilização para a libertação dos reféns.