'Caixinha' de fim de ano divide opini�es

Apesar das reclama��es, alguns funcion�rios ganham at� R$ 1.500 com o �livro de ouro�

Por O Dia

Rio - Seja nas portarias dos pr�dios ou no caixa de lojas, a presen�a dos famosos �livros de ouro� divide opini�es nos fins de ano. Enquanto algumas pessoas fazem boas doa��es, outras se recusam ou doam contra a vontade. Mesmo assim, em alguns condom�nios, a ceia dos porteiros � farta: eles chegam a receber mais de R$ 1,000, al�m do d�cimo terceiro sal�rio, s� de caixinha.

A rela��o entre os moradores e os porteiros do condom�nio Eldorado, na Tijuca, � quase familiar. Alguns funcion�rios viram gera��es de cond�minos crescerem. Talvez por isso, mesmo j� tendo recebido d�cimo terceiro e os benef�cios de fim de ano, os quatro funcion�rios de cada um dos cinco blocos chegam a receber quase R$ 1.500 de caixinha.

Francisco Vieira porteiro de um pr�dio em condom�nio na Tijuca recebeu R%24 1.500 de �caixinha�Paulo Ara�jo / Ag�ncia O Dia

� o caso de Francisco Vieira, 59 anos, porteiro de um dos blocos. Ele trabalha l� h� quase 30 anos e garante que a caixinha � apenas um est�mulo a mais no fim de ano. �Aqui a gente trabalha bem e da mesma forma o ano inteiro. A doa��o � por livre e espont�nea vontade do morador. Mas nos deixa mais feliz�, disse. S�ndica do pr�dio, Patr�cia Pimentel, 40 anos, acredita que a �caixinha� � merecida. �Al�m de funcion�rios, eles s�o um bra�o direito e pessoas de confian�a. Ajudam os idosos, olham pelas crian�as.�

Entre as promo��es de fim de ano, sempre sobra uma moedinha. Em uma tape�aria da Pra�a Saes Pena, na Tijuca, a funcion�ria Elena Cupertino, 57 anos, capricha nos embrulhos para agradar ao cliente. No ano passado ela desembolsou R$ 1.000. �Um fornecedor deixou uma nota de R$ 50 hoje. Embrulho com muito carinho, acho que � uma retribui��o.�

Apesar de muitos considerarem uma boa a��o, h� quem se incomode com esse costume. Morador de pr�dio da Rua Gomes Freire, na Lapa, o contador Bruno Coutinho, 36 anos, n�o faz doa��es. �Se eu tiver que doar para todo mundo, meu d�cimo terceiro sal�rio vai inteiro nisso. Considero um constrangimento�, disse.

Pr�tica proibida

Dono de um sal�o de beleza na Tijuca, Joel Guimar�es, 70, n�o permite �caixinha�. �Cliente vem para ficar bonito, n�o para fazer doa��o. � uma falta de educa��o. Eu j� pago d�cimo terceiro.�

Para Gilberto Braga, economista da Ibmec, a gorjeta de fim do ano, mesmo que ainda muito presente, � algo do passado. �Havia muita atividade informal, que a remunera��o era variada e o prestador de servi�o tirava muito do sal�rio na gorjeta�, disse. �Nos �ltimos anos as rela��es de trabalho se tornaram mais formais, os sal�rios incorporaram benef�cios. Ningu�m pode ser assediado a fazer esse tipo de doa��o.�

?'Doar n�o � obriga��o'

?Algumas pessoas admitem que s� contribuem com as �caixinhas� porque ficam com vergonha de se recusar. Para o especialista em etiqueta Bruno Chateabriand, ningu�m paga mico por deixar de doar. �A pessoa tem que se sentir livre para doar ou n�o, mas n�o � obriga��o. E voc� deve doar de acordo com o seu poder financeiro, n�o precisa ser a mesma quantia de quem deu mais�, disse.

Al�m disso, ele deu uma sugest�o. �N�o � legal doar s� para se exibir. Quando eu morava em pr�dio nunca assinava a �caixinha�, mas dava o dinheiro na m�o dos meus porteiros preferidos.�

?Reportagem: Lucas Gayoso

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