S�ndrome da porta arranhada

� comum que o empregador veja nesse trabalhador uma oportunidade para compor o porcentual com a obrigatoriedade das cotas para pessoas com defici�ncia e ainda pagando menor sal�rio, uma vez que as vagas, na maioria das vezes, s�o ofertadas para atividades mais simples

Por Geraldo Nogueira Subsecret�rio da Pessoa com Defici�ncia no Munic�pio do Rio

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Quando voc� reforma a �rea de servi�o e vai � loja comprar uma porta, claro que a ideia � comprar uma porta mais simples. Ent�o voc� se dirige ao vendedor e diz para ele que quer uma porta simples para �rea de servi�o. E o vendedor, mesmo sendo de uma loja de ponta, poder� lhe ofertar uma porta arranhada pela metade do pre�o. Isso porque, numa �rea de servi�o, nem sempre se investe nos melhores acabamentos. Assim, vale a pena comprar uma porta arranhada com 50% de desconto para ser instalada na �rea de servi�o. Afinal, ap�s uma nova pintura tudo ficar� bem composto.

Por outro lado, quando uma pessoa com defici�ncia (PcD) vai a uma empresa em busca de um emprego, quase sempre � v�tima da s�ndrome da porta arranhada. � comum que o empregador veja nesse trabalhador uma oportunidade para compor o porcentual com a obrigatoriedade das cotas para pessoas com defici�ncia e ainda pagando menor sal�rio, uma vez que as vagas, na maioria das vezes, s�o ofertadas para atividades mais simples e em ambientes da empresa onde o empregado ter� pouco ou quase nenhum contato com a clientela. Locais onde uma porta arranhada n�o � observada.

A lei determina que as empresas com 100 ou mais empregados est� obrigada a preencher de 2% a 5% das vagas com benefici�rios reabilitados ou PcD habilitada. Informe do Minist�rio do Trabalho (RAIS/2014) aponta que no Brasil, das 41.157 empresas com 100 ou mais postos de trabalho, somente 8.145 cumpriram com o dever de empregar PcD, ou seja, menos de 20% das empresas. E das 567.729 vagas reservadas pela cota, foram empregados somente 226.818 pessoas com defici�ncia ou reabilitados, o que significa 40% das vagas existentes. Em rela��o ao n�mero de empregados, no ano de 2016, o pa�s empregou 45.641.677 pessoas sem defici�ncia, enquanto formalizou o emprego de 418.521 PcD, o que representa menos de um por cento de participa��o da pessoa com defici�ncia no mercado formal de emprego.

N�o obstante aos esfor�os de fiscaliza��o dos Minist�rios do Trabalho e Minist�rio P�blico do Trabalho, ainda existe um relevante d�bito com esse segmento social quando o assunto � emprego. N�o s� em rela��o ao n�mero de vagas preenchidas, mas na qualidade das vagas ofertadas no mercado. Infelizmente, 95% das vagas disponibilizadas s�o subempregos com exig�ncia do ensino fundamental ou m�dio incompleto. Resta ao PcD preparar-se para os concursos, o que acontece com quem tem maior qualifica��o, ou se sujeitar a uma coloca��o que n�o atenda �s suas expectativas. Uma porta arranhada que o far� trocar de emprego frequentemente.

Galeria de Fotos

Entrevista com subsecret�rio Geraldo Nogueira da Subsecretaria da Pessoa com Deficie?ncia (SUBPD). Que tem como objetivo a maior inser��o da pessoa com defici�ncia na sociedade. Daniel Castelo Branco / Ag�ncia O Dia

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