Mecanismos que se encontram

Por Marcos Esp�nola Advogado criminalista

Marcos Espínola -

Acorrup��o enraizada em nossa sociedade fez com que a �rea p�blica e privada se envolvesse num mecanismo que, ao longo do tempo, passou a se retroalimentar. O chamado sistema se tornou voraz e de acordo com as recentes revela��es se mostrou da mesma forma como uma met�stase que espalha a c�lula cancer�gena por todo o corpo.

Nossa sociedade est� doente e da mesma forma, acontece com aqueles que est�o � margem dela. O poder paralelo criou o seu pr�prio mecanismo que, em muitos aspectos, se apresenta at� mais estruturados do que o poder constitu�do. E o pior � que um sempre acaba se encontrando em algum momento com o outro, o que tornou a situa��o insustent�vel.

As fac��es criminosas n�o s� cresceram de tamanho como tamb�m aumentaram sua qualidade de organiza��o e abrang�ncia de atua��o. O principal eixo desse mecanismo estruturado est� nas rotas do tr�fico que traz as drogas e as armas de fora do pa�s. Nossas fronteiras h� tempos se tornaram uma peneira rasgada, na qual se passa de tudo, a qualquer momento.

Tanto as drogas como as armas encontram apoios em todo o territ�rio nacional para que se possa escoar em escala, chegando a todos os estados e comunidades. Esse exemplo comprova que os mecanismos se encontram e se integram, fortalecendo, no geral, a criminalidade nas suas mais variadas formas, tendo sempre como pano de fundo o dinheiro e o poder. Ali�s, isso acontece desde que o mundo � mundo.

A facilidade do roubo de carga no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, quando mais de US$ 1 milh�o em celulares foram retirados com a maior facilidade do mundo, tamb�m demonstra claramente os cruzamentos de mecanismos pensados e articulados para o crime, com gente infiltrada na sociedade civil, numa empresa privada etc. A profissionaliza��o do crime � not�ria. Em tempos de globaliza��o e com o advento das novas tecnologias, a tend�ncia e que a cada dia ele se aperfei�oe mais e mais, utilizando mentes brilhantes para o mal.

Enfim, a nossa realidade � perversa, o que explica tamanha viol�ncia. O sistema � corrompido, a intera��o p�blico-privada � comprometida e, assim, de gera��o em gera��o a cultura da corrup��o se eterniza, nutrindo os mecanismos que beneficiam grupos restritos em detrimento da popula��o que � a que mais sofre os efeitos dessa sociedade doentia.

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