Integrantes do movimento negro se manifestam sobre declara��o de secret�rio

Cesar Benjamin criticou a palestra da atriz Ta�s Ara�jo no evento TEDX S�o Paulo: 'se os brasileiros mudassem de cal�ada quando vissem uma pessoa morena ou negra, viveriam em eterno ziguezague'

Por O Dia

Rio - Integrantes do movimento negro se manifestaram, nesta ter�a-feira, sobre a declara��o do Secret�rio Municipal de Educa��o do Rio, Cesar Benjamin, que criticou uma palestra da atriz Ta�s Ara�jo no evento TEDX S�o Paulo. Benjamin afirmou em seu perfil do Facebook, na segunda, que "qualquer idiotice racial prospera" e que o racismo no Brasil � "uma cria��o do Departamento de Estado dos Estados Unidos".  

"A �ltima delas � uma linda e cheirosa atriz global dizer que as pessoas mudam de cal�ada quando enxergam o filho dela, que tamb�m deve ser lindo e cheiroso.
Voc�s replicam essa idiotice", escreveu o secret�rio. "Se os brasileiros mudassem de cal�ada quando vissem uma pessoa morena ou negra, viveriam em eterno ziguezague . Nunca chegariam a lugar nenhum", continuou.

Para Osmar Igbod, professor e integrante do movimento negro no Rio, 'n�o h� como chamar a luta hist�ria do povo negro (e dos ind�genas) de idiotice racial'. "Nenhum africano ou ind�gena pediu para ser sistematicamente massacrado, oprimido, sequestrado, arrancado de sua terra e obrigado a conviver com seus hist�ricos opressores brancos. De fato, a no��o de ra�a sequer partiu desses povos. Ent�o, acho que os idiotas n�o s�o bem os negros africanos e seus descendentes, j� que sustentamos h� s�culos a base da cultura e da vida no Brasil, mesmo n�o tendo poder para existirmos com dignidade, sendo considerados indesejados em lugares brancos, lojas, cal�adas da Zona Sul e espa�os de privil�gio", disse Igbod.

"� tamanho o cinismo branco e o comodismo, que criaram o sistema racial e ainda nega sua opera��o e exist�ncia. Ali�s, essa talvez seja a estrat�gia mais eficaz de destrui��o dos racistas: negar que h� racismo e culpabilizar as v�timas do crime por isso. �, como disse Kabengele Munanga, o crime perfeito da sociedade esquizofr�nica ocidental, uma sociedade racista sem racistas. Resta pro povo negro lutar contra uma opress�o de que ele n�o � autor", explicou o professor.

J� Frei David, do Educafro, sustenta que h� falta de leitura sobre a realidade do negro no Brasil. "Somos 54% da popula��o e as pessoas nunca levaram a s�rio um estudo robusto sobre a nossa realidade. Eu tenho certeza que o C�sar Benjamin e outros ir�o ler mais sobre o que � ser negro no Brasil antes fazerem pronunciamentos que comprometem suas trajet�rias", afirmou.

Com 40 anos de milit�ncia no movimento negro, David condena a 'pregui�a intelectual' sobre o desisnterese de se discutir o racismo.  "Isso chama-se pregui�a intelectual. H� um livro dispon�vel online que sugiro que a popula��o leia com carinho 'Racismo e Sociedade', do Carlos Moore. � um estudo detalhado sobre o racismo no mundo inteiro".

"Uma das compreens�es sobre o privil�gio � a n�o obriga��o de ler sobre o sofrimento do outro. � a mesma coisa do que voc� adulto ver sua m�e apanhar do seu pai, isso � omiss�o. Por outro lado, n�s agradecemos ao C�sar Benjamin, ao William Waack e a outras do mundo intelectual que est�o escorregando no racismo ou est�o externando consciente ou inconscientemente uma postura racista. Isto est� propiciando o debate no conjunto da sociedade sobre um tema que estava embaixo do tapete", finalizou.

Procurada pelo O DIA, a assessoria de Ta�s Ara�jo afirmou que a atriz n�o vai comentar o caso. 

 


Reportagem de Karilayn Areias, com a estagi�ria Luana Benedito e supervis�o de Thiago Antunes

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