Taxa de violência dos Correios contestada na Justiça

Procon pede suspensão da cobrança de R$ 3, que começa a valer na terça-feira, e determina que taxa seja considerada ilegal

Por FRANCISCO EDSON ALVES

Valor adicional nas encomendas será por conta da violência na cidade
Valor adicional nas encomendas será por conta da violência na cidade -

Os correios já enfrentam a primeira contestação judicial da taxa de R$ 3 criada pela empresa, por conta do aumento da violência, e que passa a valer a partir de terça-feira para entregas no Rio. O Procon Estadual entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal ontem, contra a cobrança extra. A estatal também precisa dar explicações à Defensoria Pública da União (DPU), em cinco dias a partir do recebimento de notificação, sobre a planilha de custos utilizada para instituir o novo tributo, conforme o DIA publicou ontem com exclusividade.

O Procon pede liminar para suspender o valor adicional, que o mesmo seja declarado ilegal definitivamente e a devolução em dobro da tarifa eventualmente paga. Na ação, a autarquia argumenta que a cobrança extra é abusiva e repassa o custo da atividade econômica aos consumidores, sem fundamentação legal e critérios objetivos.

"Uma vez que a taxa será cobrada em qualquer região da cidade, mesmo as que não estão em áreas de risco. Além disso, a quantia adicional discrimina os moradores da cidade do Rio", apontou um trecho do texto da ação, registrado na 26ª Vara Federal do Rio.

Os Correios não divulgaram qual será o faturamento com essa taxa, mas especialistas do setor especulam que poderá chegar em torno de R$ 10 milhões por mês. A estatal argumenta que a cobrança é emergencial e será extinta "assim que os níveis de violência diminuírem na cidade". A empresa, porém, não informou em que se baseará para tomar tal decisão. Em 2017 foram registrados mais de 60 mil roubos de cargas no estado.

Na quarta-feira, o defensor público federal, Daniel Macedo, recomendou ainda, através de ofícios às direções nacional e regional, que a empresa "se abstenha de qualquer tipo de cobrança extra até que apresente justificativas satisfatórias".

O presidente da Associação Nacional de Assistência ao Consumidor e Trabalhador, (Anacont), José Roberto de Oliveira, prevê "uma enxurrada de ações" não só no Rio, mas em todo o país.

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