Secret�rio pede para pol�cias refor�arem o sistema de metas

A Secretaria de Seguran�a, no entanto, n�o informou se ter� recursos para realizar novos pagamentos

Por Bruna Fantti

Policiais militares t�m feito constantes opera��es na Vila Kennedy, onde encontram barricadas destru�das dias antes. Tem prendido suspeitos e apreendidos carros roubados
Policiais militares t�m feito constantes opera��es na Vila Kennedy, onde encontram barricadas destru�das dias antes. Tem prendido suspeitos e apreendidos carros roubados -

Rio - Com quase 20 dias de estudos, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, mudou ontem os comandos das polícias estaduais. Como diretriz ao coronel Cláudio Laviano, novo comandante-geral da PM, e ao delegado Rivaldo Barbosa, escolhido para a chefia da Polícia Civil, determinou o fortalecimento de um programa criado pelo seu antecessor, delegado Roberto Sá: o Sistema Integrado de Metas (SIM), que recompensa policiais por bons resultados alcançados na redução de índices criminais.

O SIM só voltou a ser pago no mês passado, com o depósito dos valores do segundo semestre de 2015. Antes, o último pagamento ocorreu antes das Olimpíadas de 2016. Atualmente, ainda estão pendentes os pagamentos de 2016 e 2017. A Secretaria de Segurança, no entanto, não informou se terá recursos para realizar novos pagamentos de metas.

Para a escolha do comando-geral da PM, um vai e vem de coronéis e delegados passaram por sabatinas com o general Richard. Entre os cotados, estava o coronel Mário Sérgio Duarte, que já foi comandante da corporação, mas pediu exoneração após o assassinato da juíza Patrícia Accioli, a mando de um oficial de sua confiança, em 2011.

"No final pesou a credibilidade dos nomes dentro das próprias corporações, a ficha limpa, e a proximidade com as forças militares", afirmou um coronel do Comando Militar do Leste, que pediu para não se identificar.

De acordo com o especialista em Segurança, Vinícius Cavalcante, a escolha de Laviano para o comando da corporação mostra a inclinação no combate à corrupção. "É um profissional extremamente competente e com um perfil discretíssimo. É ótimo saber que se trata de um oficial que vive do seu salário e que não tem qualquer histórico de suspeição com esse mesmo crime que queremos reprimir", afirmou. Já a escolha de Barbosa para a chefia da Polícia Civil "mostra o empenho em fortalecer a Inteligência que está sucateada", afirmou uma fonte do Exército.

Ontem à noite, o coronel Wolney Dias, que será substituído no comando, recebeu no seu gabinete o coronel Laviano. Eles conversaram por cerca de quatro horas sobre projetos que estão em andamento na PM.

Segundo o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, Dias "foi um comandante que fez o melhor que pode no pior momento do Estado". Na sua gestão, ele reuniu recursos para a compra de viaturas novas; conseguiu angariar R$ 83 milhões em verbas parlamentares para a PM e conseguiu evitar uma greve iminente em 2017. Também enfrentou escândalos, como a execução de dois homens aparentemente rendidos em Acari por PMs em um tiroteio que vitimou a menina Maria Eduarda. Na época, declarou ao DIA "ser humanamente compreensível" a ação dos agentes.

Um caveira no comando da Pol�cia Militar

Laviano comandou o Batalh�o de Opera��es Especiais (Bope) e o Comando de Pol�cia Pacificadora (CPP), respons�vel pelas 38 UPPs do estado, al�m da Guarda Municipal do Rio. De acordo com a PM, � um oficial que privilegia as estrat�gias e era especialista em negocia��es durante conflitos, sendo um dos respons�veis pelo plano de estudos dessa �rea na corpora��o. No curr�culo, Laviano possui o Curso de Forma��o de Oficiais (EsFO), de 1988 a 1991. Em 1998, ele integrou o Curso de Opera��es Especiais do Batalh�o de Opera��es Policiais Especiais (BOPE). No ano seguinte, Laviano fez o Curso de Aperfei�oamento de Oficiais. Ele possui ainda os cursos de Opera��es Especiais (COEsp), de A��es T�ticas (CAT), Modo de Treinamento de Defesa Pessoal, Controle de Conflitos e Situa��es de Crise, Avan�ado de Negocia��es, Prote��o e Seguran�a de Autoridades (CSPAUT) e Superior de Pol�cia Integrado (CSPI). Laviano tamb�m foi chefe de Seguran�a da prefeitura do Rio.

Destaque no �ndice de elucida��o de crimes

Uma das miss�es de Barbosa (esquerda) e Laviano � fortalecer o Sistema Integrado de Metas (SIM) - Diego Reis/ Pol�cia Civil

O novo chefe da Polícia Civil foi subsecretário de Inteligência durante a gestão do ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame, na época na implantação das UPPs. Na época, sua equipe não identificou que um homem se passava por coronel do Exército e o admitiu para realizar treinamentos para as polícias. O caso ficou conhecido como o 'coronel câo', apelido dado ao farsante Carlos Sampaio, que era somente filho de um oficial do Exército

Rivaldo se destacou nas investigações de homicídios. Em apenas um ano à frente da DH, o índice de elucidação de assassinatos passou de 2% para 20%. Também criou o Núcleo de investigação de mortes de policiais, no qual conseguiu chegar a autoria de quase metade dos casos. Foi militar da Aeronáutica por 15 anos e entrou para a Polícia Civil em 2002. Na instituição, ele chefiou a Coordenadoria de Informação e Inteligência Policiais, a Polinter) e atualmente era o diretor da Divisão de Homicídios. Foi o responsável pelo desenvolvimento e execução do plano operacional de inteligência dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007.

Mais uma opera��o da pol�cia na Vila Kennedy

A Pol�cia Militar realizou, na manh� de ontem, uma nova opera��o na Vila Kennedy, comunidade que foi alvo do Ex�rcito por tr�s dias para a retirada de barricadas. As barreiras foram recolocadas horas depois e mais uma vez atrapalharam a locomo��o da pol�cia no local. Na a��o de ontem, um carro roubado foi recuperado e um adolescente, que estava com drogas, apreendido.

Na segunda-feira, o Ex�rcito Brasileiro emitiu parecer favor�vel para que a Pol�cia Civil do Rio receba 15 fuzis AR-10 (que t�m calibre 7,62 por 51 mil�metros), apreendidos em uma opera��o no Aeroporto do Gale�o em junho do ano passado. Por outro lado, foi negada a doa��o de outros 45 fuzis do modelo AK-47 (de calibre 7,62 por 39 mil�metros).

Conforme o Decreto 5.123/2004, as armas de fogo apreendidas no Brasil, quando n�o mais interessam � investiga��o criminal e ao processo penal, devem ser encaminhadas pela Justi�a ao Ex�rcito, que tem um prazo de 48 horas para destru�-las ou doarem a �rg�os de Seguran�a ou a uma das For�as Armadas. Conforme o Artigo 65 da norma, as doa��es devem levar em conta "o padr�o e a dota��o de cada �rg�o".

A Justi�a ainda vai decidir dar parecer favor�vel para a decis�o do Ex�rcito sobre o repasse das armas.

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