Milicianos cobram at� por entrega de correspond�ncia na Zona Oeste

Moradores de conjunto na Vila Catiri, em Bangu, ter�o de pagar R$ 7 por m�s

Por Maria Inez Magalh�es e Nadedja Calado

Segundo moradores, Correios suspenderam entrega no conjunto Tom Jobim por considerarem �rea de risco
Segundo moradores, Correios suspenderam entrega no conjunto Tom Jobim por considerarem �rea de risco -

Rio - Em um conjunto habitacional na Vila Catiri, sub-bairro de Bangu, na Zona Oeste, os moradores não são mais visitados pelos carteiros e entregadores dos Correios: quem leva as correspondências e encomendas são milicianos que atuam na região. Os criminosos já foram de porta em porta avisar que, a partir de maio, uma taxa de R$7 por mês será cobrada a cada um dos cerca de 500 domicílios do conjunto Tom Jobim, que inclui cerca de oito ruas paralelas à Estrada do Gericinó, a principal da localidade.

Após a revelação da cobrança pelo DIA, o delegado Paulo Henrique da Silva Pinto, da 34ª DP (Bangu), afirmou que investigará. "Vamos abrir inquérito amanhã (hoje) para apurar essa nova forma de atuação dos paramilitares", afirmou. Acrescentou que, segundo investigações, o líder da milícia local seria Marco Figueiredo, o Marquinho Catiri.

Há duas semanas, o condomínio de casas foi incluído na lista das áreas de risco onde os Correios se recusam a fazer entregas. A empresa passou a deixar as correspondências de todos na sede da Associação dos Moradores do conjunto. "Mas a Associação não estava mais funcionando. Então, a milícia tomou conta. Já pagamos outros R$ 38 reais mensais de uma taxa fixa de moradia. Tem muita gente ali sem condições, esse dinheiro faz falta", disse um familiar de moradores do condomínio, que prefere não se identificar. Além da cobrança da milícia, a comunidade é penalizada pela taxa de R$3 por entrega que os Correios passaram a cobrar, em março, em todo o Grande Rio por causa da violência.

Os Correios informaram que as áreas de restrição são definidas pela incidência de assaltos a veículos da empresa e, que, a entrega pode ser feita em caixas postais coletivas para deixar encomendas mais próximas dos clientes.

Homens armados fazem 'pedido'

Moradores contam que a cobran�a � feita com uma amea�a � velada. "Vem um homem, explica qual � o esquema e diz 'paga quem quer', mas � uma pessoa armada, �bvio que est�o coagindo", explicou uma moradora da regi�o. "Tamb�m n�o entendo como os Correios podem entrar no conjunto e ir at� a Associa��o de Moradores, mas n�o podem fazer entregas nas casas, se j� entraram l� mesmo", argumentou.

Al�m da taxa sobre moradia e da nova taxa para entregas de correspond�ncias, os comerciantes da regi�o tamb�m precisam pagar taxas proporcionais aos rendimentos dos estabelecimentos. Moradores relatam tamb�m que os paramilitares fazem um controle r�gido de quem entra no conjunto, n�o autorizando a entrega de botij�es de g�s de empresas n�o vinculadas � mil�cia, por exemplo. Os grupos tamb�m exploram servi�os clandestinos de internet e TV a cabo, venda de im�veis e terrenos, e taxas a motoristas de vans. O delegado Paulo Henrique da Silva Pinto, da 39� DP, pede que os moradores denunciem as cobran�as ao disque-den�ncia (2253-1177).

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