Rio - Apesar das vantagens trazidas pelas novas tecnologias, a prática em excesso, principalmente pelas gerações de jovens adultos e adolescentes, provoca riscos sérios à saúde. E um deles é a diabetes associada ao sedentarismo. Um estudo publicado recentemente pela Associação Médica Canadense, que ouviu 150 mil pessoas de 17 países, revela que famílias detentoras de bens como televisão, computador (internet) e automóvel têm mais integrantes diabéticos do tipo 2, contraída pelos maus hábitos, e obesos - 14,5% e 11,7% respectivamente - em relação àquelas sem nenhum desses produtos em casa - apenas 3,4% para ambas doenças.
A Associação Carioca de Diabéticos (ACD), primeira dessa ordem fundada no Brasil, quer reforçar a tese dos canadenses entre os habitantes do Rio de Janeiro. Para isso, desde o Dia do Trabalhador, na terça-feira, o instituto trabalha na pesquisa com dez questionamentos sobre o uso de aparelhos móveis e sua relevância, caso utilizados excessivamente, no surgimento do diabetes.
"Esperamos que as pessoas respondam com sinceridade sobre o comportamento delas nas redes. Através desse retorno, vamos confirmar a hipótese de que o sedentarismo promovido pela vida online está ligado ao aumento de peso da população e, consequentemente, ao diabetes", declarou o especialista em transtornos alimentares, presidente da ACD, Izidoro Flumignan.
A doença já é responsável por 14,5% da mortalidade mundial, de acordo com relatório divulgado, ano passado, pela Sociedade Brasileira de Diabetes. A explicação técnica para a ocorrência da diabete tipo 2 - correspondente à 90% dos casos - "é o excesso de açúcar no sangue ligado a suscetibilidade do indivíduo apresentar esse quadro, de acordo com sua herança genética", afirmou a endocrinologista Yolanda Schrank.
Os especialistas na área recomendam quatro fatores que podem evitar a diabetes: horário de sono, educação alimentar, frequência das atividades físicas e distanciamento do estresse. Esse último ponto costuma passar despercebido da maioria das pessoas, mas é colaborador de muitas doenças atualmente.
Schrank esclarece que o aborrecimento constante no cotidiano pode aumentar a taxa de açúcar no sangue. "Quando nos estressamos, ocorre a liberação do hormônio da adrenalina. A ação dele aciona um sinal de alerta no corpo, que responde aumentando os níveis de açúcar no sangue", explicou a endocrinologista.
E adquirir diabetes ao longo da vida também é sinônimo de alto custo no tratamento. Entre doses de insulina, testes de glicose e comprimidos os pacientes gastam, em média, R$ 810, segundo levantamento do presidente da ACD. Ainda nessa pesquisa, Flumignan constatou que a grama de alguns remédios de última geração para o diabetes é oito vezes mais cara que a mesma quantidade de ouro.
Andréa de Brito, mãe de Alessandra e Luiz Fernando, de 10 e 15 anos respectivamente, ambos diabéticos, gasta mais de R$ 2 mil por mês no tratamento dos filhos, envolvendo alimentação especial. "O mais complicado foi adequar o ritmo de vida às necessidades deles", contou a autônoma de 47 anos.