Funcionalismo estadual cria frente contra a Reforma da Previdência

Servidores se mobilizam para frear a PEC 287; abordagem de deputados fluminenses em aeroportos é uma das estratégias

Por PALOMA SAVEDRA

Temer, que discursou ontem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, diz que PEC acaba com privilégios
Temer, que discursou ontem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, diz que PEC acaba com privilégios - Beto Barata/PR

Servidores do Estado do Rio estão se articulando para tentar barrar o avanço da Reforma da Previdência no Congresso. Como se sabe, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287 abrange trabalhadores dos setores público e privado, e encontra forte resistência das categorias. E, hoje, entidades do funcionalismo se reunirão para criar uma "frente de luta" contra o projeto.

Vale lembrar que a PEC prevê regras para a aposentadoria de empregados privados e funcionários públicos da União. Mas a proposta atinge servidores de estados e municípios também. Isso porque, em caso de aprovação no Congresso, a Constituição Federal mudará. E, a partir disso, governos estaduais e prefeituras também terão que se alinhar à legislação e adotar as normas para seus servidores.

Estratégias

Representantes de sindicatos e associações se encontrarão hoje, no Sind-Justiça, Centro do Rio, para elaborar estratégias da frente contra a reforma. Eles argumentam que a proposta fere direitos e prejudica, principalmente, mulheres, que só poderão se aposentar aos 62 anos, enquanto hoje é com 55 anos. Estarão presentes integrantes de outras associações, que não só do estado, como da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e Associação Nacional de Auditores Fiscais, entre outros.

Será elaborado documento com diretrizes para a mobilização. Uma das estratégias segue o que já ocorre na capital federal: servidores pretendem abordar deputados federais do Rio no embarque e desembarque dos aeroportos e cobrar seus posicionamentos.

"O objetivo é criar uma frente organizada no Rio contra a reforma. Não podemos admitir que trabalhadores paguem essa conta", declarou Aurélio de Castro, diretor-geral do Sind-Justiça.

Já o presidente Michel Temer vem alegando que a reforma acabará com "privilégios". Pelo texto, servidores receberão, no máximo, o teto do INSS, de R$ 5.645. A todos se aplicarão as regras da idade mínima. E só quem quem ingressou antes de 2003 poderá optar pela integralidade se atingir a idade mínima (65 para homens e 62 para mulheres). Mas o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA), vem admitindo a possibilidade de abrandar as regras para servidores, para conseguir maior apoio ao texto.

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