Beija-Flor terá menos plumas
Segundo carnavalesco, desfile terá fantasias e alegorias feitas com materiais rústicos
Por GUSTAVO RIBEIRO
'A Beija-Flor abre mão daquele luxo extremo tradicional para usar o luxo extremo da criatividade". A definição do carnavalesco Cid Carvalho para a Azul e Branca de 2018 aponta que será uma "Beija-Flor nova", menos ostentosa e mais inventiva. Segundo Cid, a renovação da proposta estética da escola de Nilópolis é uma aposta da comissão de Carnaval para ilustrar um enredo de crítica social inspirado no clássico romance de terror 'Frankenstein', que está completando 200 anos.
"Não existirá uma Beija-Flor usando o luxo pelo luxo, um mar de plumas gratuito. O enredo nos aponta para outra direção. Teremos uma Beija-Flor usando em fantasias e alegorias desde utensílios de cozinha até o material mais rústico", adianta Cid Carvalho. Ele está de volta à agremiação após 11 anos, responsável pela concepção das fantasias, integrando a comissão de Carnaval.
O enredo 'Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu' propõe um espelhamento da história da criatura construída em laboratório pelo cientista Frankenstein, da obra da britânica Mary Shelley, com os "monstros" da sociedade atual. Será um desfile de reflexões acerca de problemas políticos e sociais, como violência, corrupção, destruição ambiental e intolerância. No romance, a invenção é abandonada por seu criador e acaba se voltando contra ele.
"Com o tempo, essa criatura vai se tornando um ser agressivo, porque sempre quis ser acolhida pelo pai e nunca foi. A violência que vem transparecer dela é produto do meio. O monstro é monstro no sentido figurado, porque é, na verdade, uma vítima", analisa Marcelo Misailidis, que assina a concepção cênica e a coreografia da comissão de frente.
De acordo com Misailidis, o público estará diante de uma obra aberta, na qual poderá identificar quem são os monstros de nossa sociedade. "Nós, cidadãos comuns, somos monstros muitas vezes. Somos os geradores do problema nas questões ecológicas, por exemplo, quando jogamos lixo na rua. Todo processo de descaso um dia volta contra você", acrescenta.
O espetáculo começará tratando da obra clássica e depois adentrará as questões atuais. Terá cinco carros alegóricos, um tripé, 46 alas e 3.400 componentes. O patchwork (trabalhos manuais feitos de pedaços de tecidos emendados) foi adotado em fantasias e partes de alegorias para costurar esteticamente o enredo, já que o monstro do livro foi criado com pedaços de corpos humanos.
O último carro remete ao aniversário de 70 anos da escola, celebrado em 2018. É cercado por beija-flores multicoloridos e traz uma escultura azul de uma mãe com bebê no colo. "Este carro mostra que o que faltou nessa relação foi o cuidado daquele que deveria cuidar do outro. A mensagem final da Beija-Flor é esta: é importante saber amar. E o que a escola tem feito ao longo de 70 anos é saber amar sua comunidade", resume Misailidis.
Diogo Nogueira no Império
O empresário do sambista Diogo Nogueira e o Império Serrano informaram ontem que está mantido o show do artista na feijoada que será realizada na quadra da escola neste sábado e que Milena Nogueira é a rainha de bateria da Verde e Branca, ao contrário do publicado pela coluna de Leo Dias na segunda-feira. Os envolvidos negaram que o ex-casal tenha prometido pagar R$ 50 mil à agremiação. A coluna havia noticiado que, com o fim do casamento, o show teria sido cancelado e o pagamento não teria sido feito. A feijoada começa às 13h e a participação de Nogueira será às 20h.
Fim da 'grande tribo' e surpresas
Em 2017, a Beija-Flor apresentou uma configuração inovadora, substituindo a tradicional divisão de alas por uma grande tribo na Sapucaí, com grupos coreografados (atos). Neste Carnaval, as alas estarão de volta e atos serão desenvolvidos em pontos estratégicos. "Estarão bem divididas as questões temáticas, até porque é um assunto de muitos argumentos a serem levantados", ressalta Misailidis. Segundo ele, o cronograma está em dia no barracão e tudo ficará pronto uma semana antes do desfile.
Foi agendado para as 14h do dia 28 (último domingo de janeiro) o ensaio técnico da escola na Avenida Atlântica, em Copacabana. Como O DIA noticiou, 3.400 componentes devem participar. A agremiação informou que a concentração será no Posto 6 e os desfilantes seguirão até o Posto 3 da orla. A CET-Rio afirmou na segunda-feira que ainda não tinha sido comunicada sobre o evento.
Sexta colocada no ano passado, a nilopolitana encerrará os desfiles do Grupo Especial na segunda-feira de Carnaval.