Formatura da terceira idade no Rio
Alunos da primeira turma para pessoas acima dos 60 anos se formaram em universidade no Flamengo
Por O Dia
Mais de 500 idosos se formaram na Universidade da Terceira Idade, promovida pela Univeritas e pela Central Nacional dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Brasil (Centrape). E a formatura, ocorrida em dezembro, foi em grande estilo. Os alunos todos acima dos 60 anos se apresentaram por quase três horas no teatro da universidade, no Flamengo, com espetáculos de dança, canto, peça teatral, declamação de poemas e até depoimentos, dados para uma plateia de mais de 600 pessoas, que lotou o local.
Foi a primeira turma do curso gratuito em mais de três meses, com aulas de aulas de dança, canto, teatro, funcional, yoga, desenho e pintura. O curso ainda teve oficinas de chocolateria, economia doméstica, inclusão digital, outubro rosa e empreendedorismo. Neste ano, a expectativa é de expansão dos cursos para outros locais.
Também está sendo estudada a criação de uma nova grade de cursos, como marcenaria, informática, inglês, gastronomia e até capoeira. "Foi um sucesso, felizmente muito acima do que esperávamos. Percebemos que os alunos estão muito mais ativos, seja fisicamente ou psicologicamente", disse o vice-presidente da Centrape, Micael Ferrone. Ana Paula Costa, coordenadora do curso, diz que já há fila de espera para as próximas turmas, no primeiro semestre. "O resultado está sendo maravilhoso".
TRANSFORMAÇÃO
As histórias de transformação surgem naturalmente pelos alunos da universidade. A economista Elizabete Amaral, de 64 anos, diz ter passado sete anos sem sair de casa após a aposentadoria. "As aulas me libertaram. O idoso precisa ser olhado com atenção e carinho também", diz Elizabete.
LUCIDEZ DEPOIS DOS 90
Aos 94 anos, Selene Formel chamou a atenção pela beleza. Ela chegou de táxi, sozinha, maquiada, com chapéu, blusa de cetim e saltinho. A miss desceu com calma, carregando uma bolsa e uma bengala. Não quis ser fotografada. "Espera eu colocar o meu vestido", disse.
Ela mora sozinha, lê jornal todos os dias, lava, passa e costura. A senhora, que faz questão de chamar todos pelos nomes, passa a receita para viver tanto e bem. "Olha, eu sempre fui muito correta e me alimentei bem. Mamãe era muito severa e papai médico. Mas, sinceramente, não sei o segredo. Talvez seja amar e nunca ficar parada na frente de uma televisão. A vida é para ser vivida", conta a senhora que declamou um poema e participou do coral.