Palha�o, o que �?

Em minha inf�ncia provinciana, onde sempre que aparecia um circo o mundo se descortinava, o palha�o era s� o "ladr�o de mulher" e um maluco que fazia palha�adas para a gente rir. Esses mensageiros nos mostram que eles s�o tamb�m condutores de sa�de e de esperan�a

Por Lu�s Pimentel Jornalista e escritor

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L� ia eu distra�do, lendo o jornal no bus�o sempre ouvi dizer que � p�ssimo para a vista ler no �nibus ou em qualquer ve�culo em movimento, mas n�o resisto , quando escutei a frase conhecida: "Desculpem interromper a viagem dos senhores, mas trago aqui..."

A voz era um pouco diferente das habituais. Uma mocinha linda, bem novinha, com nariz vermelho de palha�o e maquiagem apropriada, divulgava o trabalho de um grupo pelo qual sempre tive muita simpatia: os Mensageiros da Alegria. Acompanho, de longe, not�cias sobre o trabalho que desenvolvem em institui��es, cl�nicas e hospitais, levando descontra��o, alegria e est�mulos que t�m ajudado na recupera��o de doentes em diversos est�gios, sejam eles crian�as ou adultos. J� foi dito que o humor � excelente rem�dio, receita na qual eu acredito.

A menina do bus�o vendia por tr�s reais uma publica��o de poucas p�ginas chamada 'Revista Solid�ria', na qual eu pude aprender um pouco sobre o belo trabalho desses palha�os maravilhosos, volunt�rios, solid�rios e caridosos. O depoimento de um deles � esclarecedor: "Imagine a cena. Um quarto de hospital silencioso. Na cama, uma crian�a debilitada, com olhar triste. Neste momento, a porta do quarto se abre como num passe de m�gica; surgem quatro palha�os, ou eram m�dicos, n�o sei. O que sei � que nessa hora, tudo... Aquele ar de tristeza desaparece no ar, e durante alguns minutos aquele quarto sombrio se transforma em um verdadeiro picadeiro... Esses artistas t�m o papel, al�m de ser palha�o, s�o terapeutas do riso, exploram o mundo � sua volta sem medo de ser rid�culos".

Sim. Posso imaginar a cena. � comovente.

A revista nos conta que a Associa��o Mensageiros da Alegria foi fundada por aqui h� mais de duas d�cadas, inspirada no trabalho pioneiro nesse sentido de um m�dico norte-americano chamado Hunter Adams, famoso por metodologia pr�pria e inusitada no tratamento a enfermos. A princ�pio, s� os fundadores da institui��o tocavam o barco, com o objetivo de criar a��es l�dicas em hospitais e cl�nicas de apoio (especialmente) � crian�a e ao idoso, levando a eles arte e cultura em forma de teatro, preferencialmente em comunidades carentes.

Com a amplia��o dos servi�os prestados, gra�as ao envolvimento cada vez maior de cidad�os interessados em ajudar, o trabalho que come�ou sem grandes pretens�es hoje conta com atores, psic�logos, volunt�rios e todo o material necess�rio para fazer o que se disp�e a fazer.

Em minha inf�ncia provinciana, onde sempre que aparecia um circo o mundo se descortinava, o palha�o era s� o "ladr�o de mulher" e um maluco que fazia palha�adas para a gente rir. Esses mensageiros nos mostram que eles s�o tamb�m condutores de sa�de e de esperan�a.

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Lu�s Pimentel, colunista do DIA Divulga��o

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