Forças de segurança fazem operação em comunidades do Rio
Vinte e quatro pessoas foram detidas e oito menores apreendidos, todos para averiguação. Ação na Cidade de Deus e dois pontos da Região Metropolitana conta com as polícias Civil, Militar, e apoio das Forças Armadas, polícias Federal, Rodoviária Federal e Força Nacional
Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento
Rio - Uma operação é realizada por forças de segurança do estado, federal e Forças Armadas, desde o fim da madrugada desta quarta-feira, na Cidade de Deus e outras comunidades da Região Metropolitana do Rio. A ação da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) conta com as polícias Civil, Militar e tem o apoio das Forças Armadas com três mil militares, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança.
Vinte e três pessoas foram levadas da Cidade de Deus para a Cidade da Polícia, deles 18 adultos ficaram presos e dois menores apreendidos em flagrante ou em cumprimento a mandados de busca e apreensão. Os outros três ainda não foram identificados.
Cães farejadores do Batalhão de Ações com Cães (BAC) encontraram drogas. Também foram apreendidas sete motos, três carros, três fuzis, duas pistolas e uma réplica de arma. Não há relatos de tiros na comunidade de Jacarepaguá.
Segundo postagens em redes sociais, moradores disseram que estão sendo revistados a todo momento ao deixarem a comunidade. "Fui parado três vezes ao sair da comunidade por militares do Exército, fui tratado com respeito em todas vezes", disse um deles. Eles também relatam que o posto de saúde Hamilton Land não abriu por conta da operação e a feira realizada em uma rua da favela não acontecerá hoje. A Secretaria Municipal de Saúde ainda não confirmou a informação.
Há barreiras, inclusive como tanques do Exército, e quem passa é revistado nas estradas Miguel Salazar Mendes de Morais, Gabinal e na Avenida Edgard Werneck. "Isso é só para inglês ver, daqui a pouco eles vão embora e vão voltar a começar a vender drogas na porta da nossa casa", disse uma moradora, sem se identificar.
As Forças Armadas estão responsáveis pelo cerco, desobstrução de vias e ações de estabilização. As tropas também estão realizando pontos de bloqueio, controle e fiscalização nos acessos à BR-101, na região de São Gonçalo, e realizam patrulhamento ao longo do Arco Metropolitano.
"Essa é uma operação que já estava planejada e infelizmente coincide com a violência que atingiu o Rio no dia anterior. São 3 mil homens que participam das três ações (Cidade de Deus, Arco e BR-101). Essa ação contribui para contrapor a escalada de violência que atinge a cidade. Seguiremos nessa operação dando apoio aos policiais militares e civis que cumprem mandados de busca e apreensão e de prisão na Cidade de Deus. Enquanto eles precisarem do nosso apoio, daremos”, disse o porta-voz do Comando Militar do Leste, Coronel Roberto Itamar.
Algumas ruas e acessos nas áreas onde acontecem as operações podem ser interditados e setores do espaço aéreo poderão ser controlados com restrições dinâmicas para aeronaves civis. Não há interferência nas operações dos aeroportos. A ação é acompanhada do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova.
Por conta da operação na Cidade de Deus, 12 escolas, quatro creches e cinco Espaços de Desenvolvimento Infantil não funcionaram na manhã desta quarta-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, nesta primeira semana as unidades estão realizando o período de acolhimento dos alunos, com atividades especiais como sessões de leitura, além de apresentações de professores e entrosamento dos alunos.
Além da operação das unificada das forças de segurança, pelo menos outras duas operações ocorrem em favelas do Rio: o 18º BPM (Jacarepaguá) realiza uma operação na comunidade da Covanca, na Praça Seca, e uma outra operação acontece na Rocinha, em São Conrado. As duas favelas tem sido palco de confrontos intenso de criminosos que disputam as regiões.
Criminosos procurados na Cidade de Deus
O Disque Denúncia divulgou um cartaz, na manhã desta quarta-feira, com os principais criminosos da Cidade de Deus e que são procurados pelas forças de segurança na operação. Cada um tem recompensa de R$ 1 mil.
Os policiais buscam prender Luis Augusto Ribeiro de Vilhena, o Thomé; Carlos Henrique dos Santos, o Carlinhos Cocaína, gerente da localidade conhecida como Apartamentos; e Ricardo Eduardo Alves Correa Damião, conhecido como Vascão, apontado como gerente do tráfico na região do Karatê.
Carros de som passam pedindo que a população colabore com a polícia e faça denúncias. Cartazes com o número do Disque-Denúncia também estão sendo colados nas ruas da comunidade.