Ap�s 5 anos, com�rcio do Brasil com pa�ses do Mercosul volta a avan�ar

De janeiro a novembro deste ano, as exporta��es do Brasil para os pa�ses s�cios cresceram 23,6%

Por O Dia

Bras�lia - Depois de cinco anos de redu��o ou de avan�os modestos, o com�rcio com o Mercosul voltou a dar sinais de vitalidade. De janeiro a novembro deste ano, as exporta��es do Brasil para os pa�ses s�cios cresceram 23,6%, uma taxa maior do que a do conjunto dos mercados: 18,2%.

"O com�rcio dentro do bloco foi reativado", afirmou o secret�rio de Com�rcio Exterior, Abr�o �rabe Neto. "E � um com�rcio de pauta nobre, porque 89% das nossas exporta��es para o Mercosul s�o de manufaturados." As vendas de produtos industrializados para Argentina, Paraguai e Uruguai avan�aram 28,3%, quase o triplo dos 10,4% registrados no total do Brasil.

Por tr�s desse desempenho h� dois fatores. O principal � que as economias dos pa�ses vizinhos est�o crescendo. O outro, a volta da "pegada" econ�mica do Mercosul, depois de uma d�cada e meia tratando basicamente de temas pol�ticos.

Sede do MercosulDivulga��o

Neste ano, Argentina deve crescer 2,5%, Uruguai, 3,5% e Paraguai, 3,9%, segundo proje��es do Fundo Monet�rio Internacional (FMI). Com as economias mais fortes, eles aumentaram suas importa��es, principalmente do Brasil.

"A din�mica do com�rcio responde ao ciclo econ�mico dos pa�ses", comentou o gerente de Negocia��es Internacionais da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), Fabrizio Panzini. "Voltando o crescimento no Mercosul, a expectativa � que o com�rcio cres�a, por ser uma regi�o integrada."

Com a Argentina, o Brasil acumulou um super�vit recorde de US$ 7,4 bilh�es este ano, basicamente com a venda de autom�veis. "� muito", disse o presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), Jos� Augusto de Castro. "Proporcionalmente, � como se n�s tiv�ssemos um d�ficit de US$ 30 bilh�es."

O desequil�brio no com�rcio causa desconforto, reconhece uma fonte do governo. O Brasil tem sido cobrado nas mesas de negocia��es a aumentar suas importa��es.

Para Abr�o, o equil�brio deve voltar em 2018. Com uma perspectiva de crescimento mais forte, o Brasil deve comprar mais dos pa�ses vizinhos.

� quase certo que as montadoras brasileiras aumentar�o suas importa��es da Argentina, disse Castro. Pelo acordo automotivo vigente entre os dois pa�ses, elas precisar�o fazer isso para n�o ter de pagar impostos sobre os carros que exportaram para l� neste ano.

O crescimento na venda de manufaturados � um ponto positivo, mas o presidente da AEB alertou que os produtos brasileiros s� t�m f�lego para serem vendidos na regi�o. "N�s n�o temos pre�o para vender para os grandes mercados", afirmou. "Da� a import�ncia de fazermos nossas reformas estruturais."

Fato muito destacado pelas autoridades que participaram da reuni�o de c�pula do Mercosul, na quinta-feira passada, em Bras�lia, a retomada da agenda econ�mica do bloco tamb�m teve seu papel no crescimento do com�rcio. No in�cio do ano, foram identificadas 78 barreiras ao com�rcio dentro do bloco. Na semana passada, o ministro das Rela��es Exteriores, Aloysio Nunes, informou que 86% delas j� haviam sido removidas.

"Estamos vendo uma recupera��o", disse o presidente da Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. "Vamos terminar o ano com um crescimento em torno de 9,5%, o que � um pouco acima de nossas previs�es, e as exporta��es ser�o recorde."

A melhora � notada tamb�m no setor de cal�ados, que em 2016 ainda amargava dificuldades para internar seus produtos na Argentina. "N�o houve obst�culo maior para a entrada de nossos produtos", informou o presidente da Associa��o Brasileira das Ind�strias de Cal�ados (Abical�ados), Heitor Klein. A Argentina foi um dos poucos mercados onde houve aumento das vendas do setor. A participa��o do produto brasileiro naquele mercado passou de 29% para 34%, enquanto o produto chin�s recuou de 23% para 20%.

"O Mercosul estava travado como acordo e como funcionalidade", disse o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��o (Abit), Fernando Pimentel. Com o alinhamento dos pa�ses em busca de mais com�rcio, o bloco ganhou uma agenda mais efetiva. "� uma velocidade que n�o se via h� tempos", afirmou. "Agora o Mercosul est� com uma pegada mais adequada."

Na teoria, o Mercosul � uma associa��o entre quatro pa�ses na qual o com�rcio � livre. Na pr�tica, as mercadorias enfrentam todo o tipo de barreira e o protecionismo ainda d� as cartas.

Prova disso � o a��car, que desde a cria��o do bloco � uma exce��o. O com�rcio desse produto n�o � livre, por press�o de produtores argentinos que n�o querem competir com o produto do interior de S�o Paulo. "Eu disse que essa situa��o � inaceit�vel", citou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ap�s a reuni�o de c�pula do Mercosul.

Para superar o problema, o Brasil prop�s incluir o a��car no livre-com�rcio, com compromisso das usinas de n�o vender o produto na Argentina. "Eu n�o quero vender a��car l�. Quero que o a��car entre no livre-com�rcio do Mercosul para eu poder vender na Uni�o Europeia quando o acordo com eles for conclu�do " Na semana passada ainda n�o havia resposta.

Outra exce��o ao livre-com�rcio no Mercosul s�o os autom�veis. As transa��es s�o reguladas por acordos do Brasil com a Argentina e com Uruguai.

O Brasil tenta fechar acordo com o Paraguai, mas antes quer eliminar um problema: o pa�s permite a importa��o de carros usados, o que atrapalha o produto brasileiro. Segundo fonte do governo paraguaio, a inten��o � anunciar em abril acordo para reduzir a importa��o gradualmente, at� zerar em cinco anos.

Outro tema tratado na reuni�o de c�pula foi a decis�o do Uruguai de cobrar taxa consular de 2% sobre a entrada de mercadorias. � uma medida contr�ria ao livre fluxo de com�rcio, e n�o foi bem recebida pelos s�cios. O ministro das Rela��es Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, disse que a medida � tempor�ria e de car�ter fiscal.

"O Mercosul avan�ou nas quest�es tarif�rias, mas as barreiras n�o tarif�rias precisam de aten��o", disse o gerente de Negocia��es Internacionais da CNI, Fabrizio Panzini. "Esse � um tema cada vez mais importante." O bloco tenta se entender, por exemplo, quanto �s exig�ncias governamentais para liberar a entrada do produto. Por exemplo, um carro vendido no Brasil deve ser adaptado para entrar na Argentina. "Nesse campo, a assimetria � grande."

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