Juiz avisa que, por enquanto, não enviará documentos para São Paulo
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O juiz Sérgio Moro respondeu ontem à determinação da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirar as delações da Odebrecht no processo contra Lula pelo sítio de Atibaia e enviar para São Paulo. Em despacho, ele afirmou que não há "ordem expressa" para o envio e determinou que a ação prossiga na 13.ª Vara Federal, em Curitiba.
Moro disse ainda que a investigação contra Lula não é baseada apenas nas delações. "Tem por base outras provas, além dos referidos depoimentos, apenas posteriormente incorporados, e envolve também outros fatos, como as reformas no mesmo sítio supostamente custeadas pelo Grupo OAS e por José Carlos Costa Marques Bumlai", escreveu.
Moro se manifestou no processo do sítio, após, na quarta-feira, a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) ter pedido a manutenção dos autos em Curitiba e a defesa de Lula ter requerido a remessa de todo o processo para São Paulo e não só as delações da Odebrecht.
Segundo Moro, houve "precipitação das partes" e é preciso esperar a publicação do acórdão (documento com a decisão do STF). As ações com Moro se referem às reformas no sitio em Atibaia, à cessão de um terremo e a um apartamento vizinho ao de Lula.
Palocci deve delatar setor financeiro e complicar Lula
O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci tentou, por muito tempo, fechar delação premiada com o Ministério Público Federal, sem sucesso, mas conseguiu, finalmente, um acordo, só que com a Polícia Federal. Palocci está preso na superintendência do órgão em Curitiba desde setembro de 2016. PF e MPF disputam no Supremo Tribunal Federal (STF) a prerrogativa de assinar acordos de colaboração.
A expectativa é que os depoimentos do ex-ministro dos governos Lula e Dilma contenham novos detalhes e documentos que ajudem a comprovar esquemas de corrupção que tenham contado com o conhecimento dos dois presidentes. Também há a expectativa de revelações ligadas aos setores financeiro e automobilístico, além do BNDES.
Em depoimento a Sérgio Moro, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht, Palocci, já quando bucava um acordo que levasse à redução de sua pena - de 12 anos e dois meses - incriminou o ex-presidente ao detalhar supostos encontros entre o petista e o empreiteiro Emílio Odebrecht para tratar de vantagens indevidas.
O empresário Marcelo Odebrecht afirmou que repassou R$ 300 milhões a Palocci com a rubrica "Italiano".
Suplicy barrado na PF
Depois de ser barrado na Polícia Federal em Curitiba, ao tentar visitar o ex-presidente Lula, o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) se encontrou ontem com a juíza da 12ª Vara de Execuções Penais de Curitiba, Carolina Lebbos, que barrou o médico e uma série de aliados políticos e amigos que pediram autorização para falar com o petista.
O parlamentar afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para visitar Lula. A juíza alega que negou a visita do médico de Lula porque não era urgente.