Para se livrar da d�vida do especial

Bancos ser�o obrigados a oferecer linha de cr�dito a cliente que entra e fica muito tempo no limite

Por MARTHA IMENES

A estudante Stella Meireles costuma entrar no cheque especial, mas de forma moderada. Ela espera que bancos ofere�am taxas melhores
A estudante Stella Meireles costuma entrar no cheque especial, mas de forma moderada. Ela espera que bancos ofere�am taxas melhores -

Quem est� pendurado no limite do cheque especial, uma das modalidades de cr�dito mais caras, que em fevereiro teve juros de 324,1% ao ano (ou 12,8% ao m�s), ter� a op��o de se livrar da d�vida com taxas menores. Isso � o que determina a nova regra para uso do cheque especial estabelecida pela Federa��o Brasileira de Bancos (Febraban), que vai entrar em vigor a partir de 1� de julho. De acordo com a norma, os bancos v�o oferecer uma porta de sa�da autom�tica a clientes que usarem 15% do limite da conta por 30 dias. Mas aten��o, a ades�o a essa nova opera��o, teoricamente mais barata, n�o ser� obrigat�ria, como acontece com quem usa o rotativo do cart�o de cr�dito. A regra se aplica para d�vidas acima de R$ 200.

Os bancos ser�o obrigados a alertar o consumidor quando entrar no especial, de acordo com a norma. Clientes que n�o aderirem � opera��o de cr�dito proposta n�o sofrer�o puni��o e o uso do limite da conta seguir� normalmente. "A oferta ser� feita nos canais de relacionamento e o cliente decide se adere ou n�o � proposta. Caso n�o aceite, nova oferta deve ser feita a cada 30 dias", informou a Febraban.

Para a economista e professora dos MBAs da Funda��o Getulio Vargas (FGV), Myrian Lund, a medida beneficiar� principalmente os bancos, que conseguir�o reduzir os n�veis de inadimpl�ncia, que afetam diretamente seus balan�os. "Para o consumidor a orienta��o �: v� ao banco e busque linhas mais baratas de cr�dito que a autom�tica - que costuma ser mais cara - e fa�a planilha para saber se o valor da parcela caber� no or�amento", indica a especialista, que avalia que a taxa do cr�dito autom�tico para o consumidor deve ser em torno de 50% da taxa do especial. "Se os juros do especial de determinado banco estiverem em 10% ao m�s, a taxa autom�tica a ser oferecida deve ficar em 5%", diz.

Fl�via Gomes, 38 anos, camareira, j� teve d�vida no cheque especial e demorou cinco anos para se livrar, ap�s conseguir parcelar. "Meu limite era de R$1 mil e n�o sabia que endividaria tanto por usar o dinheiro do banco. Entrei no SPC por n�o conseguir pagar a conta. Virou uma bola de neve", diz. "Nunca mais tive cheque especial", conta.

A estudante de engenharia Stella Meireles, 25, ficou aliviada ao saber que os bancos ter�o que oferecer juros menores para quem est� no especial.

"Eu tenho R$ 900 de limite. J� me dei mal algumas vezes com isso", lembra. "Meu sal�rio ca�a e metade era para pagar os juros. Especial � um perigo", completa. "� bom saber, de alguma forma, que os juros v�o ser menores, at� porque hoje em dia quase todo mundo usa cheque especial", acrescenta.

Institui��es n�o detalham novas linhas

A camareira Fl�via Gomes n�o tem mais cheque especial no banco por causa de d�vidas - Alexandre Brum / Ag�ncia O Dia

Logo ap�s o an�ncio da Febraban, alguns bancos ouvidos pelo DIA informaram que se mobilizam para oferecer linhas de cr�dito diferenciadas para atender �s novas normas de autorregula��o divulgadas.

Apesar de mais cedo bancos e federa��o parecerem n�o estar com discurso afinado sobre a taxa, no in�cio da noite o Bradesco informou que oferecer� linha espec�fica para substituir d�vida a partir de 1� de julho. Mas n�o detalhou como ser�.

Para o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, a redu��o de juros � importante. "Contribuir� para reduzir o spread global (diferen�a entre a taxa que o banco capta no mercado e a que empresta) e permite que o cliente adeque endividamento a prazos compat�veis com a capacidade de pagar", afirma. At� julho, quando as medidas entrarem em vigor, o BB criar� linha espec�fica para parcelamento do especial. Mas n�o deu detalhes.

Parcelamento ser� mantido

As compras parceladas sem juros no cart�o de cr�dito n�o v�o acabar. A ideia � ter no mercado alternativas a esse tipo de movimenta��o, segundo o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, em audi�ncia na Comiss�o de Assuntos Econ�micos, no Senado.

"O parcelado sem juros n�o vai acabar. O que n�s gostar�amos � de oferecer produtos alternativos que fossem capazes de reduzir a parcela", disse. Goldfajn explicou que h� custos embutidos nesse tipo de compra parcelada que acabam sendo arcados pelo consumidor.

Segundo Goldfajn, � poss�vel que ocorram mudan�as promovidas pelo mercado."Se o parcelado sem juros for de fato um produto que a sociedade quer manter, que mantenha", disse.

Coment�rios

�ltimas de Economia