Comiss�o aproxima jovens vulner�veis a vagas de emprego

Comiss�o interinstitucional cria lista para fazer empresas aproveitarem garotos e garotas em situa��o de vulnerabilidade para o programa Jovem Aprendiz, no Rio

Por O Dia

Membros do projeto 'Criando ju�zo', que ganhou men��o honrosa, em 2017, no 14� Pr�mio Innovare
Membros do projeto 'Criando ju�zo', que ganhou men��o honrosa, em 2017, no 14� Pr�mio Innovare -

Rio - Mais do que um primeiro emprego, o programa Jovem Aprendiz pode representar uma segunda chance na vida de 6,2 mil adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade no Rio. São meninos e meninas que cumprem medidas socioeducativas ou aguardam adoção. Alvos frequente de preconceito, eles vêm se oferecendo, espontaneamente, para fazer parte de um cadastro gratuito disponível para as empresas que quiserem contratá-los. No entanto, a resistência ainda é grande. Apenas cinco companhias se mostraram interessadas desde julho de 2017, de um total de quatro mil possíveis.

A frieza dos números e das empresas foi o que motivou um grupo de juízes, promotores, defensores e administradores públicos a intensificarem a divulgação do cadastro. A ideia é romper a barreira da insensibilidade. Para se ter uma ideia, somente quatro jovens em situação de vulnerabilidade foram contratados até o momento, sendo três deles, órfãos, e um cumprindo medida socioeducativa.

O cadastro já tem 1.011 nomes, entre 14 e 24 anos de idade (veja como acessá-lo ao lado). Ainda que apenas 162 do total estejam com documentação em dia, o aproveitamento é muito baixo. O caso de Marcela Scharra, de 17 anos, por exemplo, deveria ser regra, mas acabou virando exceção. Órfã e moradora de uma casa de acolhimento, ela já consegue enxergar os frutos do trabalho. Além do salário mínimo por 4 horas diárias de ofício e a chance de fazer um curso profissionalizante, Marcela aproveita o carinho das colegas de repartição numa unidade da Comlurb.

"Venho aprendendo muitas coisas. Aprendi a passar os arquivos para um pendrive, a fazer tabelas no computador. Estou muito feliz. Elas (demais funcionárias) gostam muito de mim. E eu gosto muito delas", diz a jovem, num tom de harmonia profissional. Marcela é acompanhada de perto por uma equipe da Prefeitura de Duque de Caxias.

Criando juízo

O projeto do qual Marcela faz parte chama-se 'Criando juízo uma rede de apoio à cidadania por meio de aprendizagem'. Foi idealizado por uma comissão de integrantes de várias instituições, a Cierja. Membro da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região e vice-coordenador da Cierja, o juiz André Villela ressalta o compromisso social da iniciativa:

"O pré-requisito é que o jovem esteja na escola. A gente quer divulgar essa lista para incentivar a quebra do preconceito. É a mesma resistência que o garoto da favela sofre. Se a gente não cuidar desses jovens, eles vão ficar marginalizados e vão para o crime mais facilmente", diz Villela.

Algo mais

Como acessar cadastro

As empresas que quiserem ter acesso ao cadastro devem mandar uma mensagem para o e-mail centraldeaprendizagem@tjrj.jus.br. Ou podem ligar para o número 21-3133-2933. O atendimento ocorre em menos de 30s, conforme teste feito pelo jornal O DIA.

Jovens interessados

Os jovens e adolescentes interessados devem procurar o responsável pela Vara de Infância e Juventude. Os pais também podem tomar a iniciativa. É necessário ter os documentos em dia, mas, caso não tenham, os Juizados ou os responsáveis pelas casas de acolhimento ajudam nesses trâmites.

Números

O cadastro tem, hoje, 1.011 adolescentes e jovens inscritos, sendo 162 aptos (com a documentação completa). Desses, 36 foram indicados para cinco empresas.

Legisla��o obriga cumprimento de cotas

A legisla��o n�o obriga, especificamente, a contrata��o de garotos em situa��o de vulnerabilidade. A decis�o depende da boa vontade dos empres�rios. Por�m, empresas de m�dio e grande porte (mais de 200 funcion�rios) s�o obrigadas, sim, a preencherem cotas entre 5% e 15% da folha com jovens aprendizes, seja qual for a situa��o deles. � o que diz a Lei da Aprendizagem, acess�vel na internet para qualquer um ver. No entanto, mesmo a� as empresas n�o cumprem. No Rio, h� somente 38 mil aprendizes das 80 mil vagas que deveriam ser disponibilizadas. As multas s�o irris�rias e quase nunca pagas. Como se v�, o cadastro da Cierja � uma segunda chance n�o s� para os jovens. Mas tamb�m para as empresas em d�bito.

Galeria de Fotos

Membros do projeto 'Criando ju�zo', que ganhou men��o honrosa, em 2017, no 14� Pr�mio Innovare Divulga��o
Moradora de casa de acolhimento, Marcela Scharra trabalha, desde mar�o, numa unidade da Comlurb, ao lado da funcion�ria Maria Lu�za da Silva Alexandre Brum / Agencia O Dia

Coment�rios

�ltimas de Empregos e Neg�cios