Ricardo Cravo Albin: consolidação no Sesc-Rio e o ensino modelo

A Escola-Modelo do Rio até gostaria de me estender mais sobre ela é uma realidade capaz de apontar caminhos para uma futura redenção (vamos ao menos sonhar, que nada custa) do quadro entristecedor do Ensino Médio

Por Ricardo Cravo Albin Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin

Ricardo Cravo Albin -

Rio - Não de hoje venho brandindo minha indignação pela má-qualidade do ensino no país. Eu, que experimentei a epifania redentora do Colégio Pedro II - Internato nos anos 50, sempre acompanhei desolado a decadência do ensino médio — e também do primário e do universitário, igualmente em crise nessas últimas décadas.

Pois bem, um novo Ministro da Educação acaba de se empossar, substituindo Mendonça Filho. O que ele pretende fazer, que recursos manejará, que idéias criativas poderão ser destiladas, ninguém ainda sabe . Nem haverá de saber. Até porque lhe restam poucos meses de governo. Mas à insegurança que gravita na área federal não corresponde, felizmente, a solidez que todos nós acostumamos a ver e ter no Sesc de todo o Brasil. E agora no Rio, com a posse de novo e competente gestor, o professor Luiz Gastão. Ou seja, a paz acaba finalmente de ser celebrada para unir o Sesc-Rio ao Sesc Nacional e à CNC , a vetusta Confederação Nacional do Comércio. O que é ótimo.

Ao refletir e amargar o dissabor da realidade em que chafurda o nosso ensino, não posso deixar de exaltar a chegada do novo diretor do Sesc-Rio. Que certamente unirá esforços no sentido de fortalecer ainda mais o arrebatador exemplo de como se deve proceder para salvar o ensino médio do país, e que é Escola-Modelo do Sesc, em Jacarepaguá, bairro a oeste do Rio. Desde que lá proferi conferências, ela passou a ser minha menina dos olhos. Meu sonho de consumo para a redenção do ensino.

Imagino que os chamados burocratas pragmáticos — que infestam o Estado-Gigante do Brasil — proclamarão de imediato que: 1 - é escola quase privada, a do Sesc, uma instituição dos comerciários , 2 - contempla apenas uma exceção e gravita no campo do sonho, do ideal, do não-atingível em um país pobre em educação, pouquíssimo contemplada em recursos por este governo — e também por todos os outros. Sim, tudo isso pode até ser verdade ante uma realidade assustadora, a do Brasil de hoje. Mas o sonho deve ser perseguido. O que se entende por não-possível há de ao menos ser esboçado, mesmo que sutilmente.

O milagre que nutre a Escola-Modelo de Jacarepaguá se baseia na meritocracia dos alunos. E, sobretudo, na organização estratégica de seu funcionamento, em modelar regime de internato (com professores bem pagos e residentes no campus). Os jovens do ensino médio são recrutados entre os melhores de todo o Brasil, tal como nos meus tempos de Pedro II - Internato. Ou seja, um colégio para ajudar a formar uma possível elite intelectual da nação, nos moldes feitos em países que levam a sério a educação. E a si mesmos.

A Escola-Modelo do Rio — até gostaria de me estender mais sobre ela — é uma realidade capaz de apontar caminhos para uma futura redenção (vamos ao menos sonhar, que nada custa) do quadro entristecedor do Ensino Médio. Que acabrunha e envergonha por décadas a fio este país tão insensato.

Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin

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