Visconde de Mauá pede socorro

Deslizamentos fecham estrada para o distrito, isolam área turística e prejudicam economia. Moradores pedem medidas estaduais e federais

Por GUSTAVO RIBEIRO

Estrada desmoronou, impedindo a passagem de veículos
Estrada desmoronou, impedindo a passagem de veículos -

Há seis dias comerciantes, moradores e turistas estão prejudicados pela interdição da principal estrada de acesso à região de Visconde de Mauá, em Resende. Por causa de um temporal na madrugada de domingo, 50 barreiras caíram na RJ-163 e a rodovia continua fechada a partir de Capelinha, na subida da serra. O impacto no turismo, atividade econômica mais importante da localidade, já é sentido com cancelamentos de hospedagens para a Semana Santa. Profissionais do setor estimam 90% de desistência, o que coloca empregos em risco.

Com o bloqueio da RJ-163, a opção é a RJ-161, que é de terra, considerada perigosa e aumenta o percurso em 20 quilômetros. A passagem de veículos de grande porte não está permitida na via alternativa, porque ainda há risco de deslizamentos. As consequências para a população de Mauá vão desde a falta de combustível, já que caminhões maiores não conseguem chegar, até a interrupção da linha de ônibus para Resende. Serviços temporários de van têm sido um quebra-galho.

Ruas viraram rios com correnteza, destruindo áreas - Divulgação

"O gás a granel e coleta de lixo não estão passando. Mas o abastecimento de comida e bebida, energia e telefone não estão com problema", disse o vice-diretor administrativo da Associação Turística e Comercial da Região de Visconde de Mauá (Mauatur), Julio Buschinelli. Ele ressaltou que as chuvas não danificaram a infraestrutura no meio urbano e nos pontos turísticos.

Dono de casa em Capelinha, o vice-presidente da Riotur, Lucio Macedo, ressaltou que o governo federal deveria ajudar o estado a reconstruir a estrada. "Uma das bases da intervenção do governo federal no Rio de Janeiro está no calendário (de eventos) Rio de Janeiro a Janeiro, com ações no estado inteiro. Se não tiver ajuda, aquela região sofrerá um retrocesso. A alta temporada em Mauá estaria se iniciando com a Semana Santa e 90% das reservas já caíram. Se o turismo parar, tudo para", destacou. "Meu comércio está vendendo 10% do normal. Se continuar assim, a região vai quebrar", afirmou Mário Menandro, proprietário do Bar Capelinha.

A ABIH-RJ (associação de hotéis) solicitou ao governador Luiz Fernando Pezão empenho na liberação da RJ-163. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) disse que espera o fim das chuvas para começar a atuar. A liberação para veículos leves é prevista em cerca de um mês, "se o clima ajudar", e não há prazo para a conclusão da obra e abertura total da via. O DER recomenda que a RJ-161 não seja trafegada com chuva forte. A Defesa Civil municipal prevê chuvas até domingo. A RJ-161 chegou a ser interditada e dez mil moradores ficaram isolados na área de Mauá por um dia. Não houve vítimas fatais e desalojados voltaram para casa. A chuva têm causado inundações e prejuízos em outras cidades, como Macaé, Campos, Itaperuna, Petrópolis e Teresópolis.

Energia natural e tranquilidade

A região de Visconde de Mauá é um paraíso natural e histórico que recebe em média 5 mil pessoas por fim de semana em sua alta temporada, normalmente após o mês de março. Segundo a Mauatur, 95% da população vivem do turismo. As cachoeiras de Santa Clara, Escorrega da Maromba, Alcantilado, Museu Duas Rodas e Parque Corredeiras, criadouros de truta, além de restaurantes com delícias, são alguns dos atrativos. O clima de tranquilidade é contagiante.

As localidades de Maromba e Maringá (dividida entre os estados do Rio e de Minas Gerais) são as mais famosas. O artesanato de bom gosto é outra característica. Uma sobremesa inventada lá completou 30 anos em 2017. É a bomba inatômica: doce feito com massa assada de chocolate e cobertura de caramelo, recheado de banana, maçã, abacaxi ou morango.

 

Galeria de Fotos

Estrada desmoronou, impedindo a passagem de veículos Divulgação
Visconde de Mauá destuída pela chuva Divulgação
Ruas viraram rios com correnteza, destruindo áreas Divulgação
Rachaduras na estrutura da rodovia indicam riscos Divulgação
Um dos trechos interrompidos pelas barreiras que deslizaram teve árvores e poste tombados FOTOS Divulgação
Residências sofreram danos com o temporal Divulgação
Cachoeira de Santa Clara é um dos principais atrativos de Maromba, em Mauá Wikipedia

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