Um ter�o dos cariocas presenciou algum tiroteio nos �ltimos 12 meses

Pesquisa do Datafolha revela ainda que 8% j� foram ou tiveram parentes atingidos pelas balas

Por NADEDJA CALADO

Militares das forças de intervenção patrulham pontos da Zona Sul
Militares das forças de intervenção patrulham pontos da Zona Sul -

Rio - Uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada ontem, apontou que um terço dos cariocas se viu em meio a um tiroteio e 8% foram vítimas ou tiveram um parente atingido por bala perdida no último ano. Juliana Cavalcante de Oliveira entrou para essa estatística na manhã de ontem, quando foi baleada no braço ao andar em uma rua no Lins de Vasconcelos, na Zona Norte.

O disparo, segundo a PM, foi feito por um homem que, abordado por dois policiais militares, tentou pegar o fuzil de um deles. A vítima foi socorrida ao Hospital Naval Marcílio Dias e seu estado de saúde não foi divulgado. O suspeito Aldrey Bittencourt, 19, também atingido, foi socorrido, medicado e levado para a Cidade da Polícia, no Jacaré.

Casos como o de Juliana fundamentam outro dado revelado pela pesquisa: 92% dos cariocas temem ser vítimas ou ter um parente vítima de bala perdida. No ano passado, a cada uma hora e quarenta minutos, uma pessoa foi baleada no estado, totalizando mais de 5 mil pessoas, considerando apenas dados das emergências federais e estaduais, e municipais da capital.

Para o diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, Vinicius Cavalcante, uma das causas dessa letalidade é a banalização de armamentos pesados, como o fuzil de que partiu o disparo que atingiu Juliana. "O que costumava ser raro, hoje é comum, já se usa fuzil em assalto à loja da esquina", defendeu.

"Os números não mentem, não é só uma sensação. As notícias somem rápido porque são substituídas por outras tragédias, a morte de ontem é esquecida pela de hoje", afirmou o delegado da Polícia Federal, Antonio Rayol.

A pesquisa, feita entre os dias 20 e 22 de março, mostra ainda que 73% dos moradores gostariam de deixar a cidade por conta da violência.

O empresário Marcio Carvalho, 42, concordou com os resultados da pesquisa. Há cerca de dois meses, ele perdeu um amigo, Christiano Mendonça, também 42, baleado na clavícula em uma tentativa de assalto na Vila da Penha. "Antigamente se dizia que você acha que nunca vai acontecer com você, hoje é o contrário: vai acontecer com você, você só não sabe quando. Estamos empilhando corpos, empilhando dores. O pior é não ter nenhuma perspectiva de melhora da situação", desabafou.

Fuzileiros navais refor�am patrulhamento na orla

Militares da Marinha come�aram ontem a patrulhar a orla da Zona Sul do Rio. O an�ncio foi realizado pelo Comando Conjunto da interven��o federal no Rio que destinar� mais agentes para o patrulhamento di�rio das ruas da capital fluminense. De acordo com o porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Carlos Cinelli, um total 165 militares e 100 guardas municipais v�o atuar na orla desde o Aterro do Flamengo at� o Leblon.

O patrulhamento com militares nas ruas come�ou h� uma semana, e alterna pontos de patrulhamento fixos com policiamento em motos. J� na Zona Norte, ontem, a Pol�cia do Ex�rcito realizou patrulhamento na frente do Shopping Tijuca.

O DIA apurou que para a escolha das ruas que ter�o o refor�o de militares, os militares utilizam o ISPGeo, uma ferramenta de an�lise criminal. O programa � atualizado duas vezes ao dia. Assim, as pol�cias podem saber o local da chamada mancha criminal diariamente, ou seja, onde os crimes possuem maior concentra��o.

Homic�dios caem 9% em fevereiro

O n�mero de mortes violentas no estado do Rio em fevereiro deste ano caiu 9,2% em rela��o ao mesmo m�s do ano passado, mas o n�mero ainda � alto: ao todo, foram 561 casos, ou seja, 19 homic�dios por dia.

Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto de Seguran�a P�blica (ISP), ligado � Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Seseg).

Deu um salto o n�mero de mortes decorrentes de interven��o policial, os chamados autos de resist�ncia: foram 100 em fevereiro �ltimo, contra 85 em 2017, um aumento de cerca de 17%.

Tamb�m em fevereiro, o estado registrou ainda sete roubos de carro por hora, ou 171 por dia - um aumento de 11,8% em rela��o a 2017. Somente na capital fluminense foram 2.364 crimes do tipo, ou seja, 342 a mais que no ano passado.

O relat�rio do ISP faz ressalva acerca dos registros de crimes contra o patrim�nio, como roubo a transeuntes, no per�odo de janeiro a abril de 2017, quando houve paralisa��o nas atividades de v�rias delegacias, e s� eram registrados casos de crimes contra a vida ou de roubos de ve�culos.

Galeria de Fotos

Militares das forças de intervenção patrulham pontos da Zona Sul Estefan Radovicz
Ap�s roubo, tiroteio assustou ontem motoristas na Ponte Rio-Niter�i Reprodu��o v�deo / Facebook Rio de Nojeira

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