Rio - Mesmo com a intervenção federal na Segurança Pública, iniciada há dois meses, o prometido aumento do policiamento está longe de ser visto pela população. Ao longo de 90 quilômetros percorridos ontem pelo DIA, de 10h às 13h30, no Centro e nas zonas Norte e Sul, nenhum militar da PM ou das Forças Armadas foi visto nas ruas, em viaturas ou a pé. Essas foram as áreas anunciadas como foco de um reforço do Exército em patrulhamento ostensivo desde o fim do mês passado.
A reportagem iniciou o trajeto no Centro e passou pelo Aterro do Flamengo e Leme, retornando pelo Aterro, Túnel Marcelo Alencar, Região Portuária e Avenida Brasil até Guadalupe. Na sequência, fez o caminho de volta ao Centro cortando os bairros de Cordovil, Brás de Pina, Penha, Ramos, Bonsucesso, Del Castilho, Maria da Graça, Méier, Lins, Riachuelo, São Francisco Xavier e a Avenida Radial Oeste, no Maracanã. Foram circuladas áreas de intensa movimentação, como centros comerciais, estações de transporte e orla. Nem sinal dos militares em três horas e meia.
Nas áreas de três batalhões da PM que cobrem o Centro, a Grande Tijuca e o Aterro (5º, 6º e 2º BPMs), os roubos de veículos aumentaram 35,8% na primeira quinzena de abril deste ano, em comparação com igual período de 2017: um salto de 81 para 110 casos. Entre essas regiões, a da Grande Tijuca foi a que sofreu a maior alta do indicador: 52,94%, subindo de 34 para 52 registros. Considerando os três territórios, os roubos de rua cresceram 10,6% (de 453 para 501). O Centro, isoladamente, porém, teve redução de 25,6% do delito (258 notificações nos 15 primeiros dias de abril de 2017 contra 192 em 2018).
Quando se analisa o município inteiro, letalidades violentas (homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e homicídios provocados por oposição à intervenção policial) passaram de 73 para 88 casos (20,5%). Mas roubos de veículos e de rua apresentaram redução de 2,64% e 17,14%, respectivamente. Roubos de veículos caíram de 1135 para 1105 e os de rua baixaram de 3279 para 2717.
A PM esclareceu que o efetivo dos batalhões nas áreas percorridas "está trabalhando para combater ações criminosas" e que a atuação é dinâmica, atendendo ocorrências e fazendo patrulhamento ostensivo onde a mancha criminal é mais acentuada. O Comando Militar do Leste informou que o patrulhamento permanece sendo executado pelas Forças Armadas, em horários, efetivos e locais que mudam constantemente, de acordo com as atualizações da inteligência e conforme demandas da Secretaria de Segurança.