De norte a sul da cidade, onde est� o policiamento?

Equipe do DIA cruza 17 bairros e n�o v� um militar da PM ou das For�as Armadas

Por GUSTAVO RIBEIRO

Dos 90 quil�metros percorridos, a equipe do DIA n�o flagrou a presen�a de for�as de seguran�a por Bonsucesso, bairro de concentra��o de pedestres e diversos com�rcios
Dos 90 quil�metros percorridos, a equipe do DIA n�o flagrou a presen�a de for�as de seguran�a por Bonsucesso, bairro de concentra��o de pedestres e diversos com�rcios -

Rio - Mesmo com a intervenção federal na Segurança Pública, iniciada há dois meses, o prometido aumento do policiamento está longe de ser visto pela população. Ao longo de 90 quilômetros percorridos ontem pelo DIA, de 10h às 13h30, no Centro e nas zonas Norte e Sul, nenhum militar da PM ou das Forças Armadas foi visto nas ruas, em viaturas ou a pé. Essas foram as áreas anunciadas como foco de um reforço do Exército em patrulhamento ostensivo desde o fim do mês passado.

A reportagem iniciou o trajeto no Centro e passou pelo Aterro do Flamengo e Leme, retornando pelo Aterro, Túnel Marcelo Alencar, Região Portuária e Avenida Brasil até Guadalupe. Na sequência, fez o caminho de volta ao Centro cortando os bairros de Cordovil, Brás de Pina, Penha, Ramos, Bonsucesso, Del Castilho, Maria da Graça, Méier, Lins, Riachuelo, São Francisco Xavier e a Avenida Radial Oeste, no Maracanã. Foram circuladas áreas de intensa movimentação, como centros comerciais, estações de transporte e orla. Nem sinal dos militares em três horas e meia.

Nas áreas de três batalhões da PM que cobrem o Centro, a Grande Tijuca e o Aterro (5º, 6º e 2º BPMs), os roubos de veículos aumentaram 35,8% na primeira quinzena de abril deste ano, em comparação com igual período de 2017: um salto de 81 para 110 casos. Entre essas regiões, a da Grande Tijuca foi a que sofreu a maior alta do indicador: 52,94%, subindo de 34 para 52 registros. Considerando os três territórios, os roubos de rua cresceram 10,6% (de 453 para 501). O Centro, isoladamente, porém, teve redução de 25,6% do delito (258 notificações nos 15 primeiros dias de abril de 2017 contra 192 em 2018).

Quando se analisa o município inteiro, letalidades violentas (homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e homicídios provocados por oposição à intervenção policial) passaram de 73 para 88 casos (20,5%). Mas roubos de veículos e de rua apresentaram redução de 2,64% e 17,14%, respectivamente. Roubos de veículos caíram de 1135 para 1105 e os de rua baixaram de 3279 para 2717.

A PM esclareceu que o efetivo dos batalhões nas áreas percorridas "está trabalhando para combater ações criminosas" e que a atuação é dinâmica, atendendo ocorrências e fazendo patrulhamento ostensivo onde a mancha criminal é mais acentuada. O Comando Militar do Leste informou que o patrulhamento permanece sendo executado pelas Forças Armadas, em horários, efetivos e locais que mudam constantemente, de acordo com as atualizações da inteligência e conforme demandas da Secretaria de Segurança.

V�TIMA RECORRENTE

Nos �ltimos quatro meses, o advogado Roberto Calmon, 52, foi alvo da viol�ncia tr�s vezes. Primeiro, teve o carro alvejado por tr�s tiros em uma tentativa de assalto de madrugada na Rua Dois de Fevereiro, em �gua Santa, mas saiu ileso. Por causa do susto, comprou um ve�culo blindado. Um m�s e meio depois, quatro bandidos com pistolas tentaram roub�-lo em uma sa�da da Linha Amarela para o M�ier, �s 21h, mas ele confiou na blindagem e escapou. No �ltimo dia 6, por volta das 19h40, tamb�m na Linha Amarela, altura da Mar�, um falso vendedor de biscoitos se aproximou do t�xi em que Roberto estava e anunciou o assalto. Seu celular foi roubado.

Como muitos cariocas, Roberto ainda n�o percebeu resultados da interven��o. "Minha percep��o de patrulhamento do Ex�rcito no eixo em que eu circulo, entre o M�ier e a Barra da Tijuca, � nenhuma. Ainda n�o consegui perceber a interven��o militar".

Especialistas compartilham do ponto de vista. "A percep��o da popula��o � que n�o existe interven��o. As pessoas est�o cada vez mais amedrontadas. Estamos tendo uma interven��o ausente, porque n�o se v� mudan�a alguma na a��o da pol�cia", afirmou o delegado federal aposentado Antonio Rayol.

"O problema hoje � um d�ficit de policiamento muito grande, porque o efetivo diminuiu e as demandas aumentaram. Com rela��o ao Ex�rcito, � uma presen�a que tamb�m se dilui no terreno e privilegia as �reas de maior visibilidade para roubos de ve�culo e carga", ressaltou Vinicius Cavalcante, diretor da Associa��o Brasileira de Profissionais de Seguran�a no Rio de Janeiro.

Galeria de Fotos

Dos 90 quil�metros percorridos, a equipe do DIA n�o flagrou a presen�a de for�as de seguran�a por Bonsucesso, bairro de concentra��o de pedestres e diversos com�rcios Fotos Daniel Castelo Branco
Do Leme a Guadalupe, passando pela Avenida Brasil, foram 90 quil�metros sem patrulha ou blitz Daniel Castelo Branco
Na Avenida Brasil, no percurso do Caju at� Guadalupe, n�o tinha patrulhamento das 10h �s 13h30 Foto: Daniel Castelo Branco

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