'É hora de radicalizar'

PT e movimentos sociais sobem o tom na reação aos desembargadores e dizem que vão batalhar nas ruas

Por O Dia

Em Porto Alegre, movimentos de esquerda fizeram manifestações a favor do ex-presidente. Em São Paulo, protesto chegou à Avenida Paulista
Em Porto Alegre, movimentos de esquerda fizeram manifestações a favor do ex-presidente. Em São Paulo, protesto chegou à Avenida Paulista - AFP/Jefferson Bernardes

O advogado Cristiano Zanin, que lidera a equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu ontem à noite que vai tomar todas as medidas legalmente cabíveis para tentar reverter a decisão da turma de desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que condenou o petista a 12 anos e um mês de prisão.

"Vamos esperar a publicação do acórdão, vamos analisar e tomar as medidas legalmente cabíveis, com a expectativa de reverter a decisão, mostrando incongruências presentes nos votos apresentados e que não afastaram a garantia da presunção de inocência, e garantia só pode ser afastada através de exame racional que mostre provas da prática de um crime, o que não aconteceu hoje", disse Zanin.

'Terceira parte do golpe'

Na sequência, o Partido dos Trabalhadores emitiu dura nota em que reafirma a intenção de lançar Lula candidato. "O resultado do julgamento, com votos claramente combinados dos três desembargadores, configura uma farsa judicial. Confirma-se o engajamento político-partidário de setores do sistema judicial, orquestrado pela Rede Globo, com o objetivo de tirar Lula do processo eleitoral. São os mesmos setores que promoveram o golpe do impeachment em 2016, e desde então vêm dilapidando o patrimônio nacional, entregando riquezas e abrindo mão da soberania nacional, retirando direitos dos trabalhadores e destruindo os programas sociais que beneficiam o povo", escreveu Gleisi Hoffmann. Antes, logo após o resultado, no Twitter, a senadora postou: "É o momento de mostrarmos resistência e força, fortalecer ainda mais o combate à 3ª etapa do golpe!"

Guilherme Boulos, líder dos sem-teto e possível presidenciável, também convocou a militância: "Ultrapassaram um limite, e sempre que o andar de cima fecha a porta da democracia, levam o povo à radicalização e só deixam as ruas como alternativa. Não há espaço para hesitação ou recuo. É preciso dar resposta ao que eles fizeram hoje."

Sede da Globo é invadida

Um grupo de manifestantes invadiu um dos prédios da TV Globo, no Jardim Botânico, ontem à tarde. Em fotos publicadas na página do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no Facebook, é possível ver pelo menos seis manifestantes no interior do prédio, jogando tinta vermelha contra as paredes do hall de entrada. O letreiro externo do prédio também foi manchado com tinta vermelha. A Polícia Militar informou que teve que intervir para retirar os manifestantes.

Na edição de ontem do 'Jornal Nacional', a Globo comentou a acusação do PT: "Ela é desrespeitosa, despropositada e fora da realidade."

Ministro do STF não crê em prisão

O ministro Marco Aurélio, do STF, disse ao jornal 'Folha de S.Paulo' duvidar que Lula seja preso antes do fim de todos os recursos nos tribunais superiores. "Eu duvido que o façam, porque não é a ordem jurídica constitucional. Não interessa ao país, neste momento, nesta crise aguda, incendiá-lo, ou seja, a prisão do presidente Lula preocuparia a todos em termos de paz social", afirmou. O STF pode barrar por liminar a prisão do petista, determinada pelo TRF-4, caso haja pedido da defesa.

Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o presidente Michel Temer evitou comentar sobre o julgamento de Lula. "Os meus detratores estão na cadeia, e quem não está na cadeia está desmoralizado."

Galeria de Fotos

Em Porto Alegre, movimentos de esquerda fizeram manifestações a favor do ex-presidente. Em São Paulo, protesto chegou à Avenida Paulista AFP/Jefferson Bernardes
Um 'Pixuleco' do ex-presidente com roupa de presidiário foi inflado em um barco no Rio Guaíba, próximo ao Tribunal Federal da 4ª Região AFP/Jefferson BERNARDES
'A decisão, eu respeito, o que não aceito é a mentira. Se me condenaram, me deem pelo menos o apartamento', disse Lula em ato em São Paulo AFP/NELSON ALMEIDA
Unionists and members of social movements, show their disappointment during a demonstration in support of former Brazilian president Luiz Inacio Lula da Silva in Sao Paulo, Brazil on January 24, 2018. A Brazilian appeals court Wednesday upheld ex-president Luiz Inacio Lula da Silva's conviction for corruption, effectively ending his hopes of relection this year. Two of the three judges in the appeals court in the southern city of Porto Alegre ruled that his original 9.5-year jail sentence be extended to more than 12 years. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA Caption AFP/NELSON ALMEIDA
Em São Paulo, pequenos grupos celebraram a condenação por três a zero. Membros de grupos sindicais não esconderam a tristeza com a derrota do ex-presidente. Atos se repetiram pelas capitais ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Unionists and members of social movements demonstrate in support of former Brazilian president Luiz Inacio Lula da Silva in Sao Paulo, Brazil on January 24 2018. A Brazilian appeals court Wednesday upheld ex-president Luiz Inacio Lula da Silva's conviction for corruption, effectively ending his hopes of relection this year. Two of the three judges in the appeals court in the southern city of Porto Alegre ruled that his original 9.5-year jail sentence be extended to more than 12 years. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA Caption AFP/NELSON ALMEIDA

Comentários

Últimas de Brasil