Alex Campos: Na rua ou no shopping? Leia aqui e decida você!

Educação financeira

Por Alex Campos

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Qual a diferença entre comprar em loja de rua e comprar em loja de shopping? É outra pergunta muito frequente que me fazem aqui, no site, na rádio ou nas palestras.

Se o seu negócio é preço, prefira a loja de rua (desde que ela não pertença a uma grande rede ou cadeia nacional, já que, nesse caso, não faz diferença porque tudo lá em geral é padronizado). Se o seu negócio é comodidade, prefira o shopping (embora ele pertença àquela categoria predial e comercial onde os custos contratuais, operacionais e administrativos acabam sendo penosos dos dois lados do balcão).

Ao contrário da rua, no shopping é possível encontrar certa organização e razoável segurança. Tudo ali é feito para reproduzir a infraestrutura de um modo de vida ideal num microcosmo de cidade funcional, exemplar e quase perfeita.

Mas, certamente, ar-condicionado geladão, sanitários à vontade, sofás e poltronas espalhados pelos corredores, serviços de limpeza, equipes de manutenção e esquemas de vigilância dando permanente sensação de proteção... custam caro, muito caro. Sem falar nos milionários investimentos em campanha de publicidade, propaganda, marketing e projetos especiais. Por tudo isso alguém tem que pagar e esse alguém é você o cliente.

Enfim, cabe ao cliente decidir o que prefere na hora de fazer as compras e eventualmente desfrutar algum lazer: a praticidade do bolso na rua ou a percepção de conforto e segurança no shopping. De qualquer modo, o que importa é manter o controle do bolso ou da bolsa e, sobretudo, não esquecer: se comer, não faça dívida; se beber, não faça dívida; se dirigir, não faça dívida... se comer, beber ou dirigir qualquer coisa, faça qualquer coisa, mas não faça dívida (quase como eu também escrevi na semana passada: "atravesse a rua sem olhar para os lados... mas não faça dívida).

A INCRÍVEL ARTE DA PICARETAGEM

Na rua ou no shopping, deve-se ficar atento ao fenômeno "sub-sub" ("subtração subliminar"), que ocorre quando pacotes, embalagens e, claro, quantidades dos produtos ficam menores sem a devida contrapartida de redução no código de barra. A subtração subliminar funciona assim: primeiro os empresários somem com as mercadorias das prateleiras e, mais tarde, reaparecem com elas em tamanhos nanicos, volumes miúdos e versões compactas. Ou seja, em vez de vender MAIS por MENOS, eles passam a vender MENOS pelo MESMO (preço)... e até MENOS por MAIS (caro)... Os produtos diminuem de tamanho, mas os preços não mudam ou, pior, às vezes sobem.

A PRAGA DO MARKETING VELHACO

E então o que faz o governo? Não vê, não ouve, não fala... Essa promiscuidade envolvendo a manha corporativa e a leniência oficial torna o Brasil o único país do mundo onde 1 metro pode medir 80 centímetros, 1 litro pode conter 900 mililitros, meio quilo pode vir com 400 gramas e "seis" ou "meia dúzia" podem ser coisas "muito diferentes". Nesse marketing velhaco ("Pague 10 e Leve 7" ou "2 pesos e 1 medida"), o consumidor é feito de bobo, sem ação, reação ou indignação - nem das autoridades, nem dos órgãos públicos, nem dos institutos privados de defesa. Você está sozinho.

O PODER DO BOICOTE À PATIFARIA

Em algum lugar da Terra ou em algum ponto da galáxia, isso deve ser CRIME. No Brasil, porém, é só mais uma evidência de que o país do jeitinho malandro, da corrupção endêmica e da impunidade generalizada não acaba nunca. Como "nunca" é tempo demais para se esperar por qualquer coisa, fica a dica: se a regulação não regula e se a fiscalização não fiscaliza, cabe a você "vossa excelência", o cliente boicotar essa patifaria mercantilista. O freguês tem sempre razão quando exige preço e cobra qualidade, mas tem mais razão ainda quando se recusa a pagar para ser enrolado, embromado e embrulhado no papel de otário.

Bom domingo e boa sorte!

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