Bras�lia - Fen�meno monet�rio da d�cada, o bitcoin dispara na cota��o na mesma velocidade com que surgem d�vidas, interessados e cr�ticas � at� economistas com Pr�mio Nobel na estante torcem o nariz para a criptomoeda. Se � uma bolha e quando vai estourar, ningu�m sabe; o certo � que muitos j� ganharam milh�es apostando com carteiras virtuais. O c�mbio � din�mico. �s 22h de sexta-feira, quando esta reportagem foi fechada, um bitcoin valia mais de R$ 50 mil.

Ao contr�rio do real, do d�lar e do euro (e por a� vai), o bitcoin n�o � regulado por nenhum Estado, muito menos tem um Banco Central tomando conta. A lisura dos processos, garantem os operadores, est� nos milh�es de computadores que validam cada transa��o. Todas, desde 2009, est�o em um 'livro-caixa' p�blico e inviol�vel, o 'blockchain'.

Um gigante

No come�o do ano, um bitcoin era negociado por mil d�lares (R$ 3.300), mas seu valor se multiplicou por 15, estimulado pelo interesse dos mercados americanos, que preveem lan�ar este m�s contratos a prazo.

Atualmente, o valor de mercado do bitcoin � superior ao da Coca-Cola e ao Produto Interno Bruto de um pa�s como a Finl�ndia. "A evolu��o do pre�o � excepcional e n�o tem equivalentes. Essa din�mica � claramente uma bolha, s� n�o sabemos quando vai estourar", garante Neil Wilson, analista da ETX Capital.

Muitos discordam. "Quem fala em bolha n�o tem o menor conhecimento hist�rico do bitcoin. O mundo digital requer economistas que analisem melhor esse hist�rico. A bolha at� vai estourar, mas vai se recuperar de novo, como aconteceu umas cinco vezes e voltou com pre�o quatro vezes maior", atesta Rocelo Lopes, CEO da CoinBR, uma das corretoras em atividade no Brasil.

Adilson Silva, da Mazars, empresa de auditoria e consultoria, acha inevit�vel a compara��o com moedas f�sicas. "O d�lar, por exemplo, tem um la�o econ�mico; j� o bitcoin � especulativo, � oferta e demanda: quanto mais pessoas compram, mais ela sobe, e quanto mais pessoas vendem, ela decai. O risco � muito grande. Por outro lado, � uma forma de pagamento importante, n�o podemos fechar os olhos para isso. No Brasil, 2.000 com�rcios j� aceitam", enumera.

'Pirata'

Joseph Stiglitz, Nobel de Economia em 2001 e ex-economista-chefe do Banco Mundial, � curto e grosso. "Por que as pessoas querem essa 'moeda alternativa'? � para participar de atividades il�citas: lavagem de dinheiro, evas�o fiscal", fuzilou, em entrevista � BBC. Jean Tirole, vencedor em 2014, faz coro. "N�o tem valor intr�nseco, pode afundar da noite para o dia. Por isso, n�o gostaria que os bancos franceses investissem no bitcoin."

O risco, de fato, � uma unanimidade. "H� investidores cientes disso: 'Eu sei que tem o risco, mas tem os n�meros, o hist�rico". E tem a quest�o de o usu�rio poder executar o investimento a qualquer momento, sem ter que ligar para banco", comenta Rocelo. "N�o � uma atividade econ�mica regulada. A moeda sobe e desce muito rapidamente e, apesar de a rentabilidade ser grande, o risco tamb�m �", resume o professor de economia do Ibmec-RJ Ricardo Macedo.

No Brasil, bancos est�o hesitantes

?A CoinBR, uma das operadoras que trabalham com criptomoedas, teve problemas. Sem dar muitas explica��es, Ita� e Bradesco decidiram unilateralmente encerrar as contas da empresa, que no entanto recorreu � Justi�a e conseguiu mant�-las por liminares.

Mesma sorte n�o teve a Mercado Bitcoin, cuja conta de pessoa jur�dica no Ita� foi extinta depois de longa batalha que parou no STJ. � 'Veja', o CEO da corretora, Rodrigo Batista, afirmou possuir 520 mil clientes e estimar receita de R$ 2 bilh�es s� este ano.

"H� muitas not�cias boas, como o Jap�o reconhecer o bitcoin e a Coreia do Sul aumentar a plataforma. Aqui no Brasil a gente v� mais corretoras entrando. E h� interesse do eBay, da Amazon e da Aliexpress de aceitarem a moeda", exemplifica Rocelo, o CEO da CoinBR.

Curiosidades

?Quem � o pai?

O bitcoin surgiu de um estudo assinado por um tal de Satoshi Nakamoto, que jamais deu as caras. Especula-se que seja um grupo por tr�s de um pseud�nimo.

De gr�o em gr�o

Voc� n�o precisa comprar um bitcoin inteiro. H� fra��es e fra��es da moeda, a pre�os acess�veis.

?Minerar � preciso?

H� quem gaste um bom dinheiro montando computadores robustos para validar as transa��es. A cada lote de minera��o, os primeiros a verificar a autenticidade da transfer�ncia ganham fra��es da moeda. Mas hoje a atividade j� n�o vale mais tanto a pena, por exigir muito da m�quina.