Rio - A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), formada por líderes de diversas denominações do Rio, registrou o 25º caso este ano relacionado a suposta discriminação religiosa. A professora de Letras, Viviane Tavares da Rocha, de 39 anos, usou as redes sociais para denunciar que na semana passada, ao buscar o filho, Nícolas, de 8 anos, no Colégio Adventista de Jacarepaguá, onde estuda no quarto ano, teria sido “convidada a se retirar” da escola, por estar usando um colar de contas.
“Eu entrei na escola e abordei a professora de Português do meu filho, para questionar uma prova que tinha sumido. O vice-diretor, Davidson Cruz, me interpelou e disse que eu estava `vestida como macumbeira´, por usar um colar de contas, e que deveria me retirar. Foi muito constrangedor”, relatou Viviane. Ela disse ainda ter sido impedida de sair do colégio com o filho, entregue ao pai, que é separado dela. “Agora, ameaçam expulsá-lo, alegando que `o nome da instituição foi escandalizado´”, completou. Viviane disse que já foi adventista, ocupando até cargos na igreja, mas que hoje professa sua fé no candomblé.
Davidson Cruz negou veementemente que tenha ofendido Viviane em entrevista ao DIA na quarta-feira. “Ela está fazendo acusações infundadas. Tenho testemunhas como prova”, assegurou Davidson. Em nota, o Colégio Adventista de Jacarepaguá argumentou que a versão de Viviane “não corresponde à verdade dos fatos, que outros pais e profissionais da escola presenciaram o ocorrido, e que os Adventistas do Sétimo Dia têm sido ativos promotores da liberdade religiosa, assim como sua rede de ensino”.
Ainda de acordo com a nota, o colégio salienta que a instituição está presente em em 165 países há mais de 120 anos. “Salientamos ainda que, apenas nesta unidades escolar, 86,88% dos alunos não são adventistas do sétimo dia, ou seja, 1.146 alunos e suas famílias professam outras crenças religiosas, ou não possuem crença. As ações realizadas pelo Colégio Adventista de Jacarepaguá visam garantir a integridade física, emocional e educacional de seus alunos e servidores”.
O Babalawo Ivanir dos Santos, porta voz da CCIR, disse que espera apuração rigorosa do caso. “Esperamos que as autoridades apurem com atenção os fatos relatados. São acusações sérias e preocupantes. Só este ano, já recebemos pelo menos outras 25 denúncias de supostas discriminações por conta de religiões”, lamentou Ivanir. O caso foi registrado na 28ª DP (Campinho).