Na área de lazer, muito mato e escola condenada

Centro de treino não saiu do papel. Alunos andam uma hora para estudar em Magé

Por GUSTAVO RIBEIRO

Escola municipal abandonada localizada na Estrada Adam Blummer, em Magé
Escola municipal abandonada localizada na Estrada Adam Blummer, em Magé -

Uma promessa anunciada em 2015 de transformar a Escola Municipal Vereador Walter Arruda, em Magé, em um centro de treinamento para professores nunca saiu do papel e o prédio continua abandonado no bairro Nova Marília. Na Escola Municipal Professora Darléia da Costa Maia, desativada há dois anos no bairro Roncador, ainda se lê a frase 'Criança bem alimentada aprende melhor' em uma parede rachada do antigo refeitório. Uma propaganda incoerente com o esqueleto que restou. As unidades, fechadas por problemas estruturais desde a gestão passada, são reflexos do descaso com a Educação que atravessa governos na cidade.

Sem outro colégio no bairro Roncador, os moradores reclamam que as crianças precisam percorrer 20 minutos de carro ou uma hora a pé até a escola para onde foram transferidas, no bairro Piedade. "Muitos pais são obrigados a pagar transporte privado, porque não tem transporte público daqui pra lá", relatou a dona de casa Ariane Bruna Dias, 27, mãe de uma menina.

Condenada pela Defesa Civil, a escola Profª Darléia da Costa Maia fica ao lado de um campo de futebol onde crianças das ruas ao redor vão brincar. Nenhuma barreira impede a entrada dos pequenos no prédio, que corre risco de desabar. Dentro da estrutura, água infiltrada escorre do teto e alaga o chão do refeitório, que afunda. A vegetação invade salas de aula onde alunos deveriam estar formando um futuro digno. Lousas quebradas e material escolar inutilizado estão misturados a cacos de vidro, reboco e lixo.

"Deveriam dar um jeito nesse terreno. O bairro tem muitas crianças, que não podem nem brincar no campo ao lado da escola, porque é cheio de mato e essa escola pode cair. Parece que não existimos para a prefeitura. Estamos realmente abandonados", lamentou a dona de casa Maria de Fátima Marques, 47, que mora ao lado. O abandono se estende aos domicílios, que não têm água encanada e saneamento básico. "Temos que comprar carro-pipa e jogamos o esgoto para o rio", relatou.

Laudos da Defesa Civil de 2016 apontaram que 15 das 25 "escolas modelos" inauguradas entre 2006 e 2008 na gestão da ex-prefeita Núbia Cozzolino tinham problemas estruturais. Cada uma foi construída por R$ 1,5 milhão, em média. "Enquanto isso, já vi escolas com superlotação, chegando a 50 alunos por sala", disse um professor sem se identificar.

Município foi o 83º entre os 92 do estado no Ideb

O descaso com a Educação em Magé é refletido no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). De acordo com o último resultado divulgado, baseado em dados de 2015, o município ficou na 83ª posição entre 92 cidades do Estado do Rio na avaliação dos alunos nos anos iniciais da rede pública, com nota média de 4,5. Considerando a nota dos alunos dos anos finais, a posição passava a 63 de 92, com nota média de 3,9.

Segundo a prefeitura, no início da atual gestão, em abril de 2016, as escolas citadas foram encontradas abandonadas e desativadas, assim como quadras poliesportivas. O governo não esclareceu que destinação será dada às unidades abandonadas e não detalhou quais foram as providências em relação às demais com problemas estruturais.

"Em 1 ano e 3 meses de gestão reformamos 72 Unidades Educacionais, entregamos 11 novas creches e 1 escola, ofertamos 8.000 novas vagas priorizando a Educação Infantil e a Inclusão dos alunos, atendendo a meta 1 e meta 5 de acordo com o Plano Nacional de Educação. Inauguramos o Centro Municipal de Atendimento Especializado que oferece as especialidades: (terapeuta ocupacional, psicóloga, fonoaudióloga, psicopedagoga, fisioterapeuta e assistência) que completará um ano no mês de maio. Temos uma Equipe de Manutenção Escolar (manutenção em geral) que atua diariamente nas Unidades Educacionais com reformas preventivas e corretivas", acrescentou, em nota.

 

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