Falta tudo nas salas de aula de Mag�

Alunos n�o receberam uniformes e material did�tico. Professores reclamam das condi��es de trabalho

Por GUSTAVO RIBEIRO

Na Alzira Vargas, em Piabetá, iluminação e ventilação são precárias
Na Alzira Vargas, em Piabetá, iluminação e ventilação são precárias -

O ano letivo de 2018 está quase na metade, mas parte dos alunos das escolas municipais de Magé ainda não recebeu material, livros didáticos e uniformes. Algumas unidades sequer receberam todos os professores. Itens como giz, caneta piloto e apagador saem do bolso dos mestres, que nem papel higiênico têm em alguns colégios. A infraestrutura é precária. Esse é o retrato do desgoverno da rede, com 40 mil estudantes.

O professor de Geografia Caio Andrade, contratado como temporário para turmas do 7º ao 9º ano, lecionou na Escola Roseni dos Santos Silva, no bairro Ponte Preta, de 19 de fevereiro a 20 de março. Ele diz ter sido demitido após reclamar sobre problemas da rede à direção. Segundo o educador, em algumas turmas, nenhum aluno tinha livro e não tinha previsão da chegada do material. Caio gastava mais de uma hora desenhando mapas no quadro, devido à falta dos livros. "Eu poderia estar avançando no conteúdo, mas não tinha alternativa. A não ser que eu pagasse xerox, mas já estava pagando o pilot, o apagador... Não tem como ter mais gasto com salário precário".

Uma das cenas que mais impressionaram o professor foi ver funcionários queimando lixo em um terreno baldio, porque a prefeitura não fornece sacolas para o colégio. "As crianças estavam no pátio respirando fumaça", contou. No dia em que foi demitido, Caio se sentiu ameaçado por um funcionário da Secretaria Municipal de Educação. "Fui perguntar se ele era segurança e ele se irritou. Respondeu que era para eu tomar cuidado, pois essa situação poderia me dar problema".

De acordo com uma professora da Escola Professora Luiza Vieira, em Nova Marília, um aluno defecou na roupa semana retrasada porque não há vaso sanitário no banheiro masculino. "As salas alagam quando chove, porque as janelas são quebradas. Não tem giz e apagador, falta material didático, às vezes não tem papel higiênico para o professor. Nem diário de classe temos ainda", afirmou, pedindo anonimato. Ela reforça que funcionários temporários que criticam as condições do ensino são demitidos. "São coagidos, assediados e perseguidos. A cultura opressora está arraigada na política de Magé", acrescentou.

Na Escola Alzira Vargas, em Piabetá, o professor de Artes só chegou na semana passada e o de Ciências pouco antes, relatou a mãe de uma aluna do 6º ano. Ela tem outra filha no Pré-Escolar, que não ganhou tênis. Outra mãe reclamou que precisou comprar uniformes. Segundo uma funcionária, a unidade tem salas sem padronização, problemas de iluminação e ventilação, faltam carteiras e as salas de leitura e informática estão desativadas. "Tem escola no sexto distrito com 1.200, 1.400 alunos. Assim a organização fica comprometida, haja visto o espaço físico não adequado. Sem o quantitativo de funcionários suficiente, as aulas ocorrem sem recreio, o que compromete muito o aprendizado", apontou.

Indica��o pol�tica para professores

Coordenador do Sepe-Mag� (sindicato da Educa��o), Gilberto Rodrigues reclama de suposto aumento de professores contratados indicados por vereadores. "Os concursados est�o sendo pressionados a pedir exonera��o", disse. O Sepe luta por aumentos remunerat�rios h� seis anos e por um ter�o do tempo para atividades de planejamento. Segundo Rodrigues, havia creches sem merenda no in�cio do ano, com apenas biscoito e achocolatado para as crian�as.

A prefeitura informou que a car�ncia hoje � de quatro professores de Artes e o material did�tico foi licitado no in�cio do ano, obedecendo ao TCE. A entrega de todos os kits � prevista para a segunda quinzena de maio. Sobre demiss�es, justificou que existe uma avalia��o do servidor e seu desligamento tem previs�o em contrato. Informou que uma equipe faz reformas diariamente nas escolas e que a atual gest�o reformou 72 unidades, entregou 11 creches e uma escola.

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