Postos em Niterói registram filas após primeira morte de macaco por febre amarela
Em São Gonçalo, as pessoas ficaram embaixo de sol para serem vacinadas nesta quinta
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Após a confirmação da primeira morte de um macaco por febre amarela, os postos de saúde de Niterói registraram longas filas na manhã desta quinta-feira. Quem procurava pela vacina, no entanto, continuava reclamando que não há imunização para todos.
É o caso da ambulante Silvania Pereira, 48 anos, que já foi em dois postos, mas não conseguiu se vacinar. "Não me vacinei ainda. Ontem fui no posto de saúde do Foncensa e não tinha mais vacina. Hoje cheguei aqui e não tinha também. Fico preocupada, pois foi registrado a morte de um macaco com a doença. Vou tentar ir em outro local novamente", conta a mulher em frente a Policlínica Regional Doutor Carlos Antonio da Silva, no Centro do município.
Os postos de São Gonçalo, município vizinho, também tiveram filas desde o início da manhã. No posto Washington Luiz, no Zé Garoto, diversos pacientes chegaram antes das 6h para conseguir se vacinar. De acordo com a direção da unidade, 800 pessoas foram vacinadas na quarta e a expectativa era que 1,2 mil pacientes recebessem a imunização nesta quinta.
Acompanhante de idosos, Antônia Maria da Conceição, de 52 anos, foi à unidade com a filha de 11 anos e disse que os postos do Centro estão mais cheios. "Moro na localidade Água Mineral, onde há muito mato. Procuramos os postos, mas eles estão super lotados. Muitos, como o do Menino de Deus, estão sem vacina. Muitas pessoas estão vindo para o Centro pra vacinar. Ontem meu vizinho chegou às 8h e saiu às 16h", contou a mulher.
Já o mototaxista Wallace Pereira, de 26 anos, reclamou de ter ficado no sol com a filha Karolaine, de nove meses. "Não temos prioridade na fila. Moramos no Jóquei e chegamos antes das 7h. Infelizmente, precisamos esperar nesse sol quente", lamentou.
No entanto, a direção do posto informou que os funcionários estão chamando os idosos e as crianças para entrarem na unidade e serem vacinados antes. "A vacina da febre amarela já faz parte do calendário de vacinação. De julho a dezembro, a média era de dez a 20 doses por dia, é um número muito baixo. Enquanto isso, de sexta a hoje, 4 mil já foram vacinados. Não existe senha, a pessoa entra na fila e é vacinada. Não tem como fazer fila preferencial. Não tem como controlar as 3 filas", explicou o diretor Jorge Barcellos.
Horto Florestal, em Niterói, vai fazer campanha de vacinação
A partir da próxima semana a direção do Horto Florestal do Fonseca, em Niterói, — na região onde um macaco contaminado com a febre amarela foi encontrado morto — vai fazer uma campanha para alertar a população sobre a vacina de febre amarela. Local arborizado e com a presença de macacos-pregos, a direção alerta que o animal com a doença não foi achado no parque. "A nossa preocupação é que liguem a morte do animal com o parque. A população pode frequentar tranquilamente o Horto", disse Ander Carlos Moreira Lemos, diretor geral do Horto Florestal.
Diariamente, aproximadamente duas mil pessoas passam pelo local segundo a direção. A advogada Maria José de Souza Fraga, 62, aproveitou a quinta-feira de sol para passear com os sobrinhos. "O Horto é um local muito tranquilo e um espaço para passeio. Eu ainda não tomei a vacina, mas vou tomar nesta semana. Muitas pessoas estão indo aos postos, desesperadas, atrás da vacina. Eu frequento há 10 anos aqui. Não tenho medo e vou continuar trazendo as crianças aqui", lembra.
Com o esposo e a filha de um ano e nove meses, a dona de casa Anelise Wolker, 26, afirmou que toda a família se vacinou no ano passado. "É importante a imunização. Tomei a dose única há dois anos quando eu estava grávida do meu filho. No ano passado eu vacinei ele", disse Anelise.
Nesta quarta-feira, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a morte de um macaco infectado por febre amarela em Niterói. Este é o primeiro animal morto por causa da doença no estado em 2018. Ele foi encontrado há 10 dias no Fonseca. Os macacos não transmitem o vírus e tais casos servem como alerta à população.
Outro macaco foi encontrado morto no bairro Viçoso Jardim, mas ainda não há informações sobre a causa de sua morte. Procurada, a Prefeitura de Niterói confirmou as informações. Paralelamente, moradores da área onde foi encontrado o primeiro macaco estão sendo vacinados e a Saúde distribui repelentes para gestantes e idosos.
"Temos uma campanha na cidade para vacinar a população. Essa vacina já faz parte dos nossos postos. A cada ano vacinamos cerca de 75 mil pessoas", lembra Maria Célia Vasconcellos, secretária de Saúde de Niterói. "Peço que as pessoas que não se vacinaram, venham. Teremos doses para toda a população da cidade", completou.
De acordo com ela, oito mil pessoas já foram vacinadas no município em 2018. No ano anterior, 193 mil se protegeram. "O maior alerta é para que as pessoas não matem os animais. Eles não transmitem a doença. O macaco é um sinalizador para estudarmos esse problema. O animal é tão vítima quanto o ser humano. Ele apenas diz que a doença está ali e não passa para o homem", salientou.