Marcinho VP lan�a livro em parceria com o jornalista Renato Homem

VP � apontado pela pol�cia como chefe do Comando Vermelho

Por O Dia

Rio - Em 300 p�ginas, M�rcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado pela pol�cia como chefe do Comando Vermelho, discorre sobre Lula, UPPs, se define como um preso pol�tico e conta uma outra vers�o para a morte de Tim Lopes.

Renato mostra as cartas que recebeu. Foram mais de 200 e cinco visitas ao pres�dioAlexandre Brum / Ag�ncia O Dia

Intitulado "Marcinho Verdades e Posi��es", o livro ser� lan�ado na quadra da Mangueira em outubro e foi escrito em coautoria com o jornalista Renato Homem. No dia do lan�amento n�o haver� samba nem cerveja, mas sim shows evang�licos, um pedido de VP. "No total foram cerca de 200 cartas e cinco visitas ao pres�dio federal de Mossor�, no Rio Grande Norte, onde ele se encontra preso", disse Homem, que foi procurado pelos advogados de VP para escrever o livro e recebeu sal�rio pelo trabalho. "A minha exig�ncia foi que n�o tivesse glamouriza��o. Organizei as cartas seguindo uma cronologia, entrevistei testemunhas e pesquisei fotos", contou o coautor.

No livro, VP, que foi condenado a 36 anos de pris�o em 2009 acusado de ser o mandante de um duplo homic�dio, lembra do seu primeiro crime: um roubo de bicicleta, aos 13 anos. Aos 20, em 1996, foi preso em Porto Alegre, por envolvimento em um sequestro, que ele nega. "Estava com meu filho de 4 meses no colo quando fui preso", diz em uma das cartas.

VP se considera preso pol�tico e sonha em voltar para 'casa'%2C o pres�dio de Bangu%2C foto da capa do livroReprodu��o

Na pris�o, VP passa 22 horas sozinho na cela, lendo revistas e jornais. Aproveita no livro para falar sua opini�o a respeito de temas pol�ticos. Em seu tempo de confinamento tamb�m estudou temas jur�dicos. O subt�tulo "O Direito Penal do Inimigo" � uma alus�o a uma teoria hom�nima criada por um alem�o que divide criminosos em comuns e outros em inimigos do Estado esses �ltimos sem direitos penais. "Marcinho se compara a presos pol�ticos e at� aos perseguidos pela igreja na Idade M�dia. Ele diz isso pois afirma ser inocente do duplo homic�dio que o mant�m na cadeia", explicou Homem.

Segundo a pol�cia, Marcinho ascendeu ao comando da fac��o dentro da pris�o. Ele escreve sobre crimes que prescreveram, como assaltos a bancos e carros fortes da d�cada de 1990. N�o cita, no entanto, o tr�fico de drogas, ou a onda de ataques no Rio, em 2010, que teria ordenado.

Em um dos trechos, VP faz um apelo: "Quero voltar para casa". Ele se refere � pris�o de Bangu 1, no Rio, foto que ilustra a capa.

Corpo de jornalista Tim Lopes foi jogado em Rio, diz Marcinho VP

Um cap�tulo pol�mico do livro � a vers�o do traficante para o assassinato do rep�rter investigativo da TV Globo Tim Lopes, morto em 2002, no Complexo do Alem�o.

VP afirma que Tim n�o teria se identificado aos traficantes que o capturaram como rep�rter e que seu corpo fora jogado no rio Faria-Timb�, na altura de Manguinhos.

Na vers�o contada pelos criminosos presos � �poca e que participaram de sua execu��o, o corpo de Tim foi queimado no pr�prio morro com pneus. Al�m disso, segundo os traficantes presos, houve tortura.

"Marcinho conta que soube da outra vers�o atrav�s de um traficante com quem dividiu a cela em Bangu e que viu a execu��o", disse Homem.

O jornalista entrevistou esse traficante que � identificado no livro como Alu�zio, um nome falso. "Ele atualmente � um grande chefe do tr�fico e reafirmou a vers�o contada para VP".

Definindo o relato da nova vers�o como "a cereja do bolo do livro", Homem relata detalhes de como teria sido a morte do jornalista. "A testemunha diz que ele n�o se identificou como rep�rter. Que teria recebido dinheiro para filmar o baile funk. Ele teria sido morto com tiros, sem tortura".

Na �poca, segundo a pol�cia e os criminosos detidos, o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, teria comemorado a captura do jornalista e autorizado sua morte. Por ser mandante da morte de Tim, Elias se encontra preso.

Em uma das cartas, Marcinho diz respeitar a imprensa e ter ajudado Tim em mat�rias, assim como a outros jornalistas.

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