O MELHOR AMIGO
Co-terapia com o auxílio de cães é adotado na Apae da Tijuca e no tratamento de idosos internados no Hospital Placi, em Botafogo
Por RENAN SCHUINDT
O auxílio ao tratamento de crianças com necessidades especiais é assunto de família para Scott. Três anos após a 'aposentadoria', ele deixa um legado: a função agora é de responsabilidade dos seus filhotes. Scott é um golden retriever da Guarda Municipal, reconhecido pelos trabalhos prestados à sociedade. Joia, Jade e Joe assumiram a função de co-terapeutas do projeto de cinoterapia da Apae da Tijuca, ao lado do labrador Black. Os cães estão acostumados com a atividade e não oferecem nenhum risco aos pacientes. Eles foram escolhidos desde pequenos, porque tinham a característica essencial para o serviço: eram sociáveis.
Nas crianças que apresentam Síndrome de Down e paralisia cerebral, o tratamento trabalha orientação pedagógica, redução do estresse e agressividade, cognição, socialização e interação, além de vínculo e afetividade. O projeto, voltado para crianças de 5 a 8 anos, é oferecido pela Guarda em parceria com profissionais de saúde do Abrigo Cristo Redentor e do Retiro dos Artistas. "As experiências anteriores nos motivaram a reativar a parceria com a Apae. As crianças que tiveram contato com os cães apresentaram melhoras significativas. Notamos as mudanças no primeiro contato. Isso é gratificante", analisa o comandante do Grupamento de Cães de Guarda, inspetor Aluízio Alvarenga.
No Hospital Placi, em Botafogo, na Zona Sul, o golden retriever Logan é o co-terapeuta oficial. Ao lado de Lola e Tom, da raça Shih-Tzu, o cão tem a missão de levar bem-estar a pacientes com sequelas de doenças cerebrovasculares e idosos portadores de doenças degenerativas, como o Alzheimer. As visitas acontecem uma vez por mês na unidade. Filha de uma paciente de 92 anos, Sônia Marques falou com entusiasmo sobre a iniciativa. "Vivemos momentos de descontração e alegria no evento. Minha mãe estava tão feliz que não queria voltar para o quarto. Observei o mesmo comportamento em outros pacientes", conta.
Segundo a gerente médica do Placi, Anelise Fonseca, familiares dos pacientes também podem levar seus pets para a visita especial. "Isso tem a finalidade de aproximar o paciente de suas atividades diárias. Assim, ele tem a oportunidade de se reinserir em seu núcleo familiar e restabelecer uma nova rotina de vida", comenta.
CÃES COM A SAÚDE EM DIA
Além do temperamento dócil, os cães precisam estar com a saúde em dia. O contato com pessoas com a imunidade enfraquecida ou sem imunidade, por causa dos tratamentos e até da própria doença, exige que os animais passem por processos de higienização e controle de zoonoses. Eles só realizam a atividade após aprovação do veterinário. Antes de cada sessão, passam por um verdadeiro tratamento de beleza, que inclui banho e lixamento de unhas. E, só depois disso, estão prontos para assumir a importante missão de cuidar das vidas dos pacientes.